São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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cinema

Filmes não sonorizados são tema de livro

"Viagem ao Cinema Silencioso do Brasil" tem lançamento na Cinemateca e reúne ensaios de 14 pesquisadores

Obra nasceu de grupo de estudos mensal e aborda figura da mulher e ancestral dos "road movies"


GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Como era o cinema nacional entre o fim do século 19 e o começo dos anos 1930? Quais eram seus temas? Como as revistas o abordavam?
Organizado por Samuel Paiva e Sheila Schvarzman, o livro "Viagem ao Cinema Silencioso do Brasil" reúne 14 ensaios críticos sobre a produção cinematográfica da época, apontando novos caminhos para os estudos de cultura e sociedade brasileira no começo da República.
Os autores, quase todos ligados à universidade, integram um grupo que desde 2003 se reúne mensalmente na Cinemateca para investigar e discutir seu acervo.
"Havia um apetite pelo inédito", conta Schvarzman à Folha. "Por isso nos concentramos no período silencioso, menos estudado."
O lançamento ocorre no bojo da programação da Jornada do Cinema Silencioso, evento anual que inaugura hoje a sua quinta edição.
O grupo de pesquisa e o festival são, no fundo, duas faces do mesmo movimento de resgate. "A jornada surgiu a partir de o grupo perceber a necessidade de ampliar o acesso a esses filmes", diz Carlos Roberto de Souza, curador do evento.
Para "reler" o repertório clássico de forma contemporânea, a programação prevê sessões com música ao vivo, tal e qual acontece em festivais do gênero pelo mundo.
"Somos a 'irmã mais nova' da mostra de Pordenone [Giornate del Cinema Muto]. Mas somos mais ousados na escolha da música, o que pode gerar reações adversas no público", diverte-se Souza.
Neste ano, a jornada homenageia o repertório italiano, tendo Luca Giuliani, diretor do Museo Nazionale del Cinema, entre seus convidados.

OLHARES MÚLTIPLOS
Os textos do livro explicitam como o cinema pode e deve se somar às fontes tradicionais de pesquisa histórica. Há desde uma análise da figura da mulher, em três filmes, até um artigo sobre a influência, na representação social brasileira, das fórmulas narrativas americanas centradas na figura do herói.
Schvarzman analisa "Brasil Pitoresco, Viagens de Cornélio Pires", de 1925, espécie de ancestral dos "road movies". Ali, "o cinema funciona como a captura e a exibição do desconhecido mas também como afirmação daqueles que detêm o poder de registrar imagens", escreve.
No fim do volume, um levantamento dos filmes brasileiros ano a ano, de 1897 a 1934, serve de guia para historiadores e cinéfilos.

VIAGEM AO CINEMA SILENCIOSO DO BRASIL
AUTORES Samuel Paiva e Sheila Schvarzman (org.)
EDITORA Azougue Editorial
QUANTO R$ 42 (312 págs.)
LANÇAMENTO 13 de agosto, às 17h, na Cinemateca Brasileira




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