São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

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VISUAIS

Little Artists expõem reproduções de obras famosas construídas com o brinquedo infantil em galeria de Liverpool

Dupla britânica "brinca" de arte com Lego

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

As indefectíveis pecinhas Lego viraram meio de construir arte. A dupla Little Artists, formada pelos artistas ingleses John Cake e Darren Neave, ganhou notoriedade nos últimos meses no Reino Unido com uma exposição em que recriam conhecidas obras utilizando como material apenas o conhecido brinquedo infantil.
A mostra, intitulada "Art Craziest Nation", já passou por diversos locais da ilha para se abrigar, desde 20 de agosto, na galeria Walker, em Liverpool. Estão representados por bonequinhos e artefatos Lego trabalhos importantes como o "Telefone-Lagosta", de Dalí, o "Tanque de Tubarão", de Damien Hirst, e a "Cama", de Tracey Emin.
De certa forma, a alcunha Little Artists está para Neave e Cake como o Gorillaz está para Damon Albarn, o vocalista do Blur: um esconderijo-cartum em que os artistas afirmam ter a liberdade de criar sem nenhuma restrição.
"Originalmente inventamos um personagem que chamava Little Artist quando deixamos a faculdade, em 1997. Um ano depois, vimos que poderíamos ambos nos esconder sob esse nome. É como um auto-retrato em que não há a necessidade de respeitar regras", explica Neave à Folha.
"Quando assistimos a "O Corcunda de Notre Dame", a animação da Disney, ficamos fascinados com o modo com que os personagens e seus produtos eram vendidos e até franqueados. Então pegamos alguns desses produtos -falsificados- e utilizamos em algumas obras, apenas para testar como se daria essa apropriação."
É, no fundo, um projeto levado bem na brincadeira entre os dois, que se conheceram na Universidade de Leeds, em 1992. "A faculdade foi um período legal, tínhamos professores bons de teoria, mas tivemos um bocado de problemas, pois gostávamos de brincar com tudo aquilo."
Os trabalhos com Lego começaram a aparecer em 1994. "Fizemos o primeiro "Tanque de Tubarão" em 1994. Adoramos Lego, pois é uma forma divertida de explorar o mundo. Pensávamos: "Por que não há nenhuma obra que utiliza o imaginário Lego?". E, como gostávamos da obra de Hirst, decidimos tentar reproduzi-la. Depois, criamos nossa própria galeria de arte Lego, finalizada em 2003."
Os objetos dos Little Artists ganham, claramente, caráter lúdico e infantil. "Claro que o Lego tem um grande apelo entre as crianças e é uma porta de entrada para a arte. Não usamos isso como único propósito, mas é legal que exista essa lado. Já ouvi vários comentários interessantes de crianças -e de adultos que normalmente não se interessam por arte-, e isso é importante", afirma Neave.
Os próprios artistas representados, segundo a imprensa britânica, vêm elogiando a dupla. "O público parece ter gostado das obras; várias das galerias nas quais exibimos receberam público muito bom", diz o artista. "Marc Quinn, Gilbert & George e Grayson Perry adoraram as representações de suas obras -e até as compraram... Tracey Emin também gostou da dela -menos do desenho dos travesseiros...", diz.


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