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Crítica
Fritz Lang troca os sonhos pela total amargura
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O assunto de "Fúria" (TCM,
23h35) é, como se sabe, o linchamento.
O ano é 1936. A vítima do linchamento é Spencer Tracy, espécie de imagem do homem
americano padrão.
Em 36, o cinema acreditava
no sonho americano. Pelo menos era um assunto inspirador.
Mas Fritz Lang chega da Europa e já vai subvertendo essa
idéia.
Pois o filme gira menos em
torno do linchamento e mais
em torno da amarga vingança
que Tracy arma contra seus
linchadores.
Em suma, o filme troca o sonho pela amargura. É o processo de um homem que passa a
descrer de tudo (menos do cinema -pois é o cinema, são as
imagens filmadas que servirão
de prova do crime).
Fritz Lang conseguia antecipar, com isso, em mais ou menos dez anos, o que viriam a ser
as preocupações da geração
norte-americana surgida no
Pós-Guerra.
Não é fácil. E dava outra cara
a Spencer Tracy -mais difícil
ainda.
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