São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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Crítica

Fritz Lang troca os sonhos pela total amargura

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O assunto de "Fúria" (TCM, 23h35) é, como se sabe, o linchamento.
O ano é 1936. A vítima do linchamento é Spencer Tracy, espécie de imagem do homem americano padrão.
Em 36, o cinema acreditava no sonho americano. Pelo menos era um assunto inspirador. Mas Fritz Lang chega da Europa e já vai subvertendo essa idéia.
Pois o filme gira menos em torno do linchamento e mais em torno da amarga vingança que Tracy arma contra seus linchadores.
Em suma, o filme troca o sonho pela amargura. É o processo de um homem que passa a descrer de tudo (menos do cinema -pois é o cinema, são as imagens filmadas que servirão de prova do crime).
Fritz Lang conseguia antecipar, com isso, em mais ou menos dez anos, o que viriam a ser as preocupações da geração norte-americana surgida no Pós-Guerra.
Não é fácil. E dava outra cara a Spencer Tracy -mais difícil ainda.


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