São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Crítica

Imagem como "verdade" é virtude e perigo de filme

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O Al Gore que apareceu na convenção democrata, alguns dias atrás, era bem diferente do que perdeu as eleições de 2000 para presidente dos EUA. Não aquele cara meio combalido, que aceitou uma derrota que, dizem, não deveria ter aceito.
Não, Al Gore agora é um "winner", um vencedor. Trata-se de um milagre do cinema. Graças a "Uma Verdade Inconveniente" (TC Premium, 20h15; livre), o ex-vice tornou-se uma autoridade incontestável em questões ambientais, isto é, no nosso futuro.
O aquecimento global está aí. Ninguém duvida. Por quê? Porque vimos nas imagens. Do outro lado, do lado dos que vêem esse tipo de problema como mera superstição, restou a necessidade de explicar, muito, item por item, de postular que a Terra não aquece, ou que o aquecimento não tem nada a ver com nossa ação etc.
A imagem cria verdades dificilmente refutáveis. Essa é sua virtude, esse é o seu imenso perigo. Ela institui o mais duvidoso dos saberes, que é o do cinema.


Texto Anterior: Resumo das novelas
Próximo Texto: Waldick Soriano morre aos 75
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.