São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Waldick Soriano morre aos 75

Um dos principais símbolos da música brega, cantor se tratava há 2 anos de um câncer na próstata

Músico baiano, que deixa 500 músicas e 84 discos, foi casado 3 vezes e teve 7 filhos; Patrícia Pillar realizou documentário sobre o cantor


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem, às 5h30, no Rio, "um tremendo aventureiro", em sua própria definição, e símbolo da música romântico-brega nacional. O cantor e compositor Waldick Soriano, 75, estava internado no Instituto do Câncer, em Vila Isabel, no Rio, pouco mais de dois anos após ter diagnosticado tardiamente um câncer de próstata.
O corpo seria velado ontem, na Câmara Municipal do Rio, e o enterro acontece hoje, no Cemitério do Caju.
Baiano de Caetité, Euripedes Waldick Soriano foi lavrador, motorista de ônibus, garimpeiro e faxineiro antes de conhecer o sucesso no Sudeste. Conquistou um público fiel, teve canções censuradas na ditadura, foi presença freqüente em programas populares de TV e protagonista do documentário "Waldick, Sempre no meu Coração", dirigido pela atriz Patrícia Pillar em 2007.
Dizia inspirar-se "sempre no amor, na saudade ou na falta de alguém" para compor as mais de 500 músicas de 84 discos que lhe deram fãs e shows lotados até depois dos 70, nos últimos anos de vida.
Seu maior hit foi "Eu Não Sou Cachorro, Não", regravada em versão em "inglês" pelo cantor brega cearense Falcão, sob o título "I'm Not Dog No", em novo sucesso popular. As letras românticas traduzem o espírito de um homem "seco" para uns e "doce" para outros.
Inspirado no personagem Durango Kid, Waldick Soriano criou para si um personagem que vestiu publicamente até o fim da vida. Chapéu preto de vaqueiro meio de lado, óculos escuros, cabelo pintado, defendia que "o artista é sempre um ator". Personificou a frase ao participar, nos anos 70, dos filmes "Paixão de um Homem", de Egídio Eccio, e "O Poderoso Garanhão", de Antônio B. Thomé. Para Patrícia Pillar, "ele era bem diferente do personagem".
Waldick chegou a SP em 1958, aos 25, para tentar ser cantor ou ator. Segundo ele, foi logo a uma gravadora. "Fui contratado na mesma semana", conta, no documentário.
Os anos 60 são marcados pelos boleros ao estilo dor-de-cotovelo. No começo da década seguinte, teve sucessos nacionais, como "Paixão de um Homem" e "Carta de Amor".

Três mulheres
Waldick casou-se três vezes, a última com a atual mulher, Walda, e teve sete filhos.
No fim da década passada, mudou-se para Fortaleza e passou a fazer shows no Nordeste.
Entre 2005 e 2007, Patrícia Pillar decidiu filmar um documentário sobre o cantor. "Queria ouvi-lo com uma orquestra bacana", disse.
Patrícia descobriu um homem "doce e afetuoso". "Tinha um coração enorme, por isso derretia o coração dos fãs."
A atriz esteve com Waldick no sábado, véspera da internação. "Ele estava bem. A gente riu junto. Ele era muito forte e divertido. Tinha sempre uma coisa inteligente a dizer, um ponto de vista interessante."
O romântico, que cantou até no hospital, não realizou o sonho de oficializar a união com a mulher atual: "O padre não chegou a tempo", disse Walda.


Texto Anterior: Crítica: Imagem como "verdade" é virtude e perigo de filme
Próximo Texto: Comentário: Dor-de-corno e vozeirão rascante embalaram multidões de românticos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.