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Waldick Soriano morre aos 75
Um dos principais símbolos da música brega, cantor se tratava há 2 anos de um câncer na próstata
Músico baiano, que deixa 500 músicas e 84 discos, foi casado 3 vezes e teve 7 filhos; Patrícia Pillar realizou documentário sobre o cantor
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Morreu ontem, às 5h30, no
Rio, "um tremendo aventureiro", em sua própria definição, e
símbolo da música romântico-brega nacional. O cantor e compositor Waldick Soriano, 75, estava internado no Instituto do
Câncer, em Vila Isabel, no Rio,
pouco mais de dois anos após
ter diagnosticado tardiamente
um câncer de próstata.
O corpo seria velado ontem,
na Câmara Municipal do Rio, e
o enterro acontece hoje, no Cemitério do Caju.
Baiano de Caetité, Euripedes
Waldick Soriano foi lavrador,
motorista de ônibus, garimpeiro e faxineiro antes de conhecer o sucesso no Sudeste. Conquistou um público fiel, teve
canções censuradas na ditadura, foi presença freqüente em
programas populares de TV e
protagonista do documentário
"Waldick, Sempre no meu Coração", dirigido pela atriz Patrícia Pillar em 2007.
Dizia inspirar-se "sempre no
amor, na saudade ou na falta de
alguém" para compor as mais
de 500 músicas de 84 discos
que lhe deram fãs e shows lotados até depois dos 70, nos últimos anos de vida.
Seu maior hit foi "Eu Não
Sou Cachorro, Não", regravada
em versão em "inglês" pelo
cantor brega cearense Falcão,
sob o título "I'm Not Dog No",
em novo sucesso popular. As letras românticas traduzem o espírito de um homem "seco" para uns e "doce" para outros.
Inspirado no personagem
Durango Kid, Waldick Soriano
criou para si um personagem
que vestiu publicamente até o
fim da vida. Chapéu preto de
vaqueiro meio de lado, óculos
escuros, cabelo pintado, defendia que "o artista é sempre um
ator". Personificou a frase ao
participar, nos anos 70, dos filmes "Paixão de um Homem",
de Egídio Eccio, e "O Poderoso
Garanhão", de Antônio B. Thomé. Para Patrícia Pillar, "ele era
bem diferente do personagem".
Waldick chegou a SP em
1958, aos 25, para tentar ser
cantor ou ator. Segundo ele, foi
logo a uma gravadora. "Fui contratado na mesma semana",
conta, no documentário.
Os anos 60 são marcados pelos boleros ao estilo dor-de-cotovelo. No começo da década
seguinte, teve sucessos nacionais, como "Paixão de um Homem" e "Carta de Amor".
Três mulheres
Waldick casou-se três vezes,
a última com a atual mulher,
Walda, e teve sete filhos.
No fim da década passada,
mudou-se para Fortaleza e passou a fazer shows no Nordeste.
Entre 2005 e 2007, Patrícia
Pillar decidiu filmar um documentário sobre o cantor. "Queria ouvi-lo com uma orquestra
bacana", disse.
Patrícia descobriu um homem "doce e afetuoso". "Tinha
um coração enorme, por isso
derretia o coração dos fãs."
A atriz esteve com Waldick
no sábado, véspera da internação. "Ele estava bem. A gente
riu junto. Ele era muito forte e
divertido. Tinha sempre uma
coisa inteligente a dizer, um
ponto de vista interessante."
O romântico, que cantou até
no hospital, não realizou o sonho de oficializar a união com a
mulher atual: "O padre não
chegou a tempo", disse Walda.
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