São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO bergamo@folhasp.com.br 'Cansei de ser a tia da prima'
De volta ao teatro, Paula Burlamaqui diz que se sentia "ignorante" com os papéis na TV e que "envelhecer é uma merda" Paula Burlamaqui cansou de ser a "tia da amiga da prima" nas novelas. "Não dá mais pra falar: "E aí, Laura, como foi? O José veio?'", diz sobre os papéis que conseguia na TV. "Comecei a me sentir uma ignorante."
Nascida em Niterói, filha de Mauro Soares, ex-jogador de futebol, e da secretária Fabiana, a atriz, que ganhou o concurso "Garota do Fantástico" em 1987, aos 20 anos, diz que passou um período "insatisfeita com meu momento na TV". "Bateu uma depressão e comecei a questionar: por que não estou fazendo o que eu quero?", diz, enquanto arruma os cabelos que deixaram de ser loiros, em um salão de beleza de SP.
Ela, que mora no Rio, está dividindo um apartamento com uma amiga em Higienópolis desde maio, por conta da peça "O Amante", em cartaz no teatro Nair Bello. No espetáculo, divide o palco com o ex-namorado Daniel Alvim. No Carnaval, Paula foi fotografada beijando um modelo quando ainda não tinha oficializado sua separação. Ela conversou com a repórter Lígia Mesquita:
Folha - Você diz que seu papel na novela "América" (2005) foi um divisor na sua carreira. Por quê? Paula Burlamaqui - Porque eu fazia coisas na TV que não tinham aquele nível de entrega. Eram coadjuvantes, mas não com as características de estar na trama, ter uma história. Estava sempre fazendo a história do outro. Eu estava insatisfeita com o meu momento na TV, comecei a me sentir ignorante. Não dá mais pra fazer a tia da amiga da prima e falar: "E aí, Laura, como foi? O José veio?". Aí parei tudo e fui estudar teatro durante quatro anos. Fiz um resgate que começou a me formar como pessoa. A questão de um dia sua beleza acabar pesou na hora de procurar se aprofundar? Nunca tive problema com isso. Claro que a gente pensa que a beleza vai acabar e, se você não tiver uma estrutura, vai ficar velha e tchau, até logo. Minha necessidade foi artística, de querer fazer coisas melhores do que estava fazendo. Bateu uma depressão e comecei a questionar: por que não estou fazendo o que eu quero? Não estou preparada? Vou me preparar. E fui fazer oficinas com o Gerald Thomas, com o Sérgio Britto. Mas você tem medo de perder a beleza? Eu sou muito vaidosa, faço laser na cara, já botei botox. A gente vai envelhecer, e isso é uma merda. Se tivesse um elixir na China, eu tava lá comprando. Mas não quero virar uma Michael Jackson. Eu falo pras minhas amigas: me ajudem, não me deixem pirar. É assustador ver Michael Jacksons pelas ruas. Hoje você se sente segura pra fazer qualquer personagem? Qualquer coisa. Vou estudar, é claro, mas não tenho mais medo. Tô pronta. Quando eu fiz oficina com o Gerald, ele me chamou pra fazer um solo de Beckett, e eu disse que não dava. Hoje tô satisfeita profissionalmente. Não sentia isso há dez anos. Seu pai foi jogador de futebol. Ele ganhou muito dinheiro? Não, uma pena, porque eu ia adorar ter nascido rica. Meu pai jogou muitos anos no Flamengo, no Vasco, e naquela época era uma profissão marginalizada. Mas quando eu nasci, ele já tinha parado de jogar e trabalhava em uma agência de carros. Tive uma vida de classe média bem normal.
Ter sido garota do "Fantástico" te abriu portas, não?
Como é atuar com o Daniel
após aquele episódio...
Vocês chegaram a cogitar não
fazer mais a peça juntos?
Posaria nua de novo?
Quando você começou a ficar
amiga da Paula Lavigne falavam que vocês...
E você ainda é muito amiga
do Caetano? |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |