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ARTES PLÁSTICAS
Artista diz que processo de criação foi semelhante a partituras
Baravelli inaugura obras múltiplas
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua primeira série de obras
múltiplas, o pintor Luiz Paulo Baravelli, 62, tenta reunir a expressividade da pintura e a regra da
produção em série. Na exposição
"Humoresque" -o nome é inspirado por um tipo de composição musical leve e alegre- Baravelli mostra essa nova parte de sua
produção, com abertura hoje na
galeria Multipla. Foi a própria galeria, que começou há mais de 30
anos com foco principalmente
nas obras múltiplas, que sugeriu
ao artista fazer esta série.
"Achei a idéia dos múltiplos curiosa", diz Baravelli. "Eu mesmo
faço as armações das minhas telas, por isso tenho uma oficina, e
lá fui aprendendo a fazer outras
coisas. Queria fazer tudo em casa,
um pouco como uma brincadeira. E foi muito divertido."
Com dimensões bem menores
do que as usualmente trabalhadas
por Baravelli, as obras usam PVC,
gesso, arame de latão, alumínio
ou madeira, todas de 2004 e executadas manualmente. "Não é
nem lo-tech, é "no-tech'", brinca.
A maior dificuldade, para Baravelli, foi fazer as obras "como se
fossem uma partitura, para poder
tocar de novo". "As obras têm que
ter uma espécie de programação,
pois eu teria que saber fazê-las novamente. São dois códigos diferentes funcionando ao mesmo
tempo: a minha expressão e o dever de registrar o que fazia", diz o
artista, que em alguns trabalhos
homenageia outros artistas, dedicando-lhes algumas obras, como
"Para Philip Guston", "Para J.J.
Sempé", "Para Steinberg" e "Para
James Thurber".
"Humoresque" é "uma exposição em duas fases". A primeira,
no térreo da galeria, mostra os 21
múltiplos. À segunda, no primeiro andar do espaço, cabem as novas pinturas de Baravelli.
Nas pinturas, o artista trabalha
sobre telas com estruturas em
compensado recortadas, em formatos que colocam suas obras
quase em intersecção entre a pintura e a escultura. São trabalhos,
também encarados como brincadeira pelo artista ("mas não uma
piada", previne), que invocam sobretudo naturezas-mortas, tema
inédito na obra de Baravelli, que
aparecem estilizadas e em diferentes cores, padrões e texturas.
Marcam também um retorno
do artista ao uso da tinta a óleo e,
assim como os múltiplos, são bem
menores do que as suas pinturas
anteriores. "Precisava de formas
grandes e simples para o espaço
que eu tinha e também para que
realmente dialogasse com a textura", explica.
"É uma espécie de abertura para
uma outra área", sinaliza Baravelli. "Mas é também um movimento um pouco cíclico, como esperar um ônibus: uma hora você se
apóia numa perna, depois na outra, e assim vai trocando."
BARAVELLI: HUMORESQUE. Exposição
de 21 múltiplos e 12 pinturas. Onde:
galeria Multipla de Arte (av. Morumbi,
7.986, Brooklin, tel. 0/xx/11/ 5041-0157).
Quando: abertura hoje, às 19h30; de seg.
a sex.: das 10h às 19h; sáb.: das 10h às
14h; até 30/10. Quanto: entrada franca.
Preços das obras: de R$ 700 a R$ 16 mil.
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