São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Artista diz que processo de criação foi semelhante a partituras

Baravelli inaugura obras múltiplas

ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua primeira série de obras múltiplas, o pintor Luiz Paulo Baravelli, 62, tenta reunir a expressividade da pintura e a regra da produção em série. Na exposição "Humoresque" -o nome é inspirado por um tipo de composição musical leve e alegre- Baravelli mostra essa nova parte de sua produção, com abertura hoje na galeria Multipla. Foi a própria galeria, que começou há mais de 30 anos com foco principalmente nas obras múltiplas, que sugeriu ao artista fazer esta série.
"Achei a idéia dos múltiplos curiosa", diz Baravelli. "Eu mesmo faço as armações das minhas telas, por isso tenho uma oficina, e lá fui aprendendo a fazer outras coisas. Queria fazer tudo em casa, um pouco como uma brincadeira. E foi muito divertido."
Com dimensões bem menores do que as usualmente trabalhadas por Baravelli, as obras usam PVC, gesso, arame de latão, alumínio ou madeira, todas de 2004 e executadas manualmente. "Não é nem lo-tech, é "no-tech'", brinca.
A maior dificuldade, para Baravelli, foi fazer as obras "como se fossem uma partitura, para poder tocar de novo". "As obras têm que ter uma espécie de programação, pois eu teria que saber fazê-las novamente. São dois códigos diferentes funcionando ao mesmo tempo: a minha expressão e o dever de registrar o que fazia", diz o artista, que em alguns trabalhos homenageia outros artistas, dedicando-lhes algumas obras, como "Para Philip Guston", "Para J.J. Sempé", "Para Steinberg" e "Para James Thurber".
"Humoresque" é "uma exposição em duas fases". A primeira, no térreo da galeria, mostra os 21 múltiplos. À segunda, no primeiro andar do espaço, cabem as novas pinturas de Baravelli.
Nas pinturas, o artista trabalha sobre telas com estruturas em compensado recortadas, em formatos que colocam suas obras quase em intersecção entre a pintura e a escultura. São trabalhos, também encarados como brincadeira pelo artista ("mas não uma piada", previne), que invocam sobretudo naturezas-mortas, tema inédito na obra de Baravelli, que aparecem estilizadas e em diferentes cores, padrões e texturas.
Marcam também um retorno do artista ao uso da tinta a óleo e, assim como os múltiplos, são bem menores do que as suas pinturas anteriores. "Precisava de formas grandes e simples para o espaço que eu tinha e também para que realmente dialogasse com a textura", explica.
"É uma espécie de abertura para uma outra área", sinaliza Baravelli. "Mas é também um movimento um pouco cíclico, como esperar um ônibus: uma hora você se apóia numa perna, depois na outra, e assim vai trocando."


BARAVELLI: HUMORESQUE. Exposição de 21 múltiplos e 12 pinturas. Onde: galeria Multipla de Arte (av. Morumbi, 7.986, Brooklin, tel. 0/xx/11/ 5041-0157). Quando: abertura hoje, às 19h30; de seg. a sex.: das 10h às 19h; sáb.: das 10h às 14h; até 30/10. Quanto: entrada franca. Preços das obras: de R$ 700 a R$ 16 mil.


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