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Crítica/"Morte no Funeral"
Filme segue tradição inglesa e aborda a morte com humor ácido
CRÍTICO DA FOLHA
A morte é um assunto tão
sério que a atitude mais
correta parece ser chorar em dramas que exploram o
fim inelutável. Quando se trata
de comédia, há que saber fazer
rir por outro viés e deixar o cadáver seguir seu rumo.
"Morte no Funeral", dirigido
pelo hábil Frank Oz ("Os Safados", "Será que Ele É?"), não
economiza as possibilidades
humorísticas e o faz em duas
frentes. A primeira, mais rica,
explorando a fauna familiar
que se reúne para o adeus a um
de seus integrantes. Outra,
mais sarcástica, trazendo à tona o passado não muito limpo
daquele que se foi.
Nessas duas facetas, predomina o humor negro. Não à toa
a história se transfere para um
espaço social de classe média
alta britânica, país reconhecido
pelo temperamento ácido de
seu povo (característica que
Hitchcock traduziu com maestria ao longo de sua obra).
Como de hábito, o riso é produzido por deslocamentos das
expectativas habituais. Este
"fora do lugar" se traduz já na
primeira cena do filme, quando, ao receber o caixão, o filho
constata que o cadáver ali contido não é o do próprio pai.
A piada mais estendida do filme também recorre a esse efeito, na figura do namorado de
uma sobrinha que toma equivocadamente uma pílula de
alucinógenos pensando se tratar de comprimidos de Valium.
Desse engano vai decorrer uma
sucessão de gags provocadas
pela mudança de comportamento. Em torno dela, uma
mistura de tipos absurdos, cada
um mais maluco que o outro, se
encarrega da tarefa de dar cabo
da "normalidade".
Chantagem
Para não se reduzir a um filme de uma piada só, a trama introduz um chantagista que vai
trazer à tona outra rede de
equívocos associados à figura
solene (pois morta) do cadáver.
Sem abusar dos efeitos escatológicos e dos limites do mau
gosto, introduzidos nas comédias mais recentes pelos filmes
dos irmãos Farrelly, Frank Oz
opta pelo tradicional, sem correr riscos e perder a aceitação
do público.
Com um elenco de faces desconhecidas e com habilidades
de incorporar as extravagâncias dos tipos sem recorrer à caricatura, "Morte no Funeral"
provoca algumas ótimas gargalhadas.
(CSC)
MORTE NO FUNERAL
Direção: Frank Oz
Produção: EUA/Inglaterra/Alemanha, 2007
Com: Matthew MacFadyen, Keeley
Hawes e Andy NymanRichard
Quando: em cartaz nos cines Espaço
Unibanco, Metrô Santa Cruz e circuito
Avaliação: bom
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