São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Crítica/"Morte no Funeral"

Filme segue tradição inglesa e aborda a morte com humor ácido

CRÍTICO DA FOLHA

A morte é um assunto tão sério que a atitude mais correta parece ser chorar em dramas que exploram o fim inelutável. Quando se trata de comédia, há que saber fazer rir por outro viés e deixar o cadáver seguir seu rumo.
"Morte no Funeral", dirigido pelo hábil Frank Oz ("Os Safados", "Será que Ele É?"), não economiza as possibilidades humorísticas e o faz em duas frentes. A primeira, mais rica, explorando a fauna familiar que se reúne para o adeus a um de seus integrantes. Outra, mais sarcástica, trazendo à tona o passado não muito limpo daquele que se foi.
Nessas duas facetas, predomina o humor negro. Não à toa a história se transfere para um espaço social de classe média alta britânica, país reconhecido pelo temperamento ácido de seu povo (característica que Hitchcock traduziu com maestria ao longo de sua obra).
Como de hábito, o riso é produzido por deslocamentos das expectativas habituais. Este "fora do lugar" se traduz já na primeira cena do filme, quando, ao receber o caixão, o filho constata que o cadáver ali contido não é o do próprio pai.
A piada mais estendida do filme também recorre a esse efeito, na figura do namorado de uma sobrinha que toma equivocadamente uma pílula de alucinógenos pensando se tratar de comprimidos de Valium. Desse engano vai decorrer uma sucessão de gags provocadas pela mudança de comportamento. Em torno dela, uma mistura de tipos absurdos, cada um mais maluco que o outro, se encarrega da tarefa de dar cabo da "normalidade".

Chantagem
Para não se reduzir a um filme de uma piada só, a trama introduz um chantagista que vai trazer à tona outra rede de equívocos associados à figura solene (pois morta) do cadáver.
Sem abusar dos efeitos escatológicos e dos limites do mau gosto, introduzidos nas comédias mais recentes pelos filmes dos irmãos Farrelly, Frank Oz opta pelo tradicional, sem correr riscos e perder a aceitação do público.
Com um elenco de faces desconhecidas e com habilidades de incorporar as extravagâncias dos tipos sem recorrer à caricatura, "Morte no Funeral" provoca algumas ótimas gargalhadas. (CSC)


MORTE NO FUNERAL
Direção: Frank Oz
Produção: EUA/Inglaterra/Alemanha, 2007
Com: Matthew MacFadyen, Keeley Hawes e Andy NymanRichard
Quando: em cartaz nos cines Espaço Unibanco, Metrô Santa Cruz e circuito
Avaliação: bom



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