São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Louis Arms trong é tema de 3º volu me da Coleç ão Folha

Livro-CD dedicado ao trompetista e cantor estará nas bancas neste domingo

Disco traz o peculiar timbre rouco do músico em canções de sucesso como "What a Wonderful World" e "High Society Calypso"

DA REPORTAGEM LOCAL

Há músicos cuja personalidade é tão forte que a gente reconhece logo que começam a tocar. Não é preciso ser especialista para identificar a voz inconfundível de Louis Armstrong (1901-1971), que está no terceiro volume da Coleção Folha Clássicos do Jazz, nas bancas neste domingo.
O disco traz o timbre rouco peculiaríssimo de Armstrong em algumas de suas canções de maior sucesso, como a lírica "What a Wonderful World", de 1967, amplamente utilizada no cinema em filmes como "Bom Dia, Vietnã" (Barry Levinson, 1987) e "Tiros em Columbine" (Michael Moore, 2002), ou ainda a lúdica "High Society Calypso", celebrizado em "Alta Sociedade", filme de 1956, no qual atuou com Bing Crosby, Frank Sinatra e Gene Kelly.
Um dos primeiros intérpretes a gravar o estilo jazzístico de interpretação vocal conhecido como "scat", Armstrong derivou seu jeito de cantar do estilo que empregava ao trompete -instrumento que jamais foi o mesmo após suas inovações, como variações de timbre, dedilhados inesperados, quebras rítmicas, cromatismo, fluência e ousadia harmônica.

Bicos
Nascido em Nova Orleans (cujo aeroporto receberia seu nome, em 2001), em 4 de agosto de 1901 (a data certa só foi descoberta nos anos 80; Armstrong morreu achando que tinha nascido em 4 de julho de 1900), era filho de um operário de fábrica de solventes que abandonou a família pouco depois de seu nascimento.
Entregue pela mãe à avó aos cinco anos, não freqüentava a escola nem a igreja, preferindo fazer pequenos bicos para arrumar dinheiro. Enquanto limpava túmulos e vendia carvão no cemitério, montou um quarteto vocal com outros três meninos da sua idade, aos 11, também para ganhar uns trocados.
Datam dessa época os apelidos referentes ao tamanho nada desprezível de sua boca -os colegas os chamavam de Dipper (redução de dippermouth, ou "boca mais profunda") e de Satchelmouth ("boca de valise", cuja redução, Satchmo, tornou-se a alcunha pela qual Armstrong seria correntemente designado).
Seis tiros dados para o alto, por farra, em 1912, com um revólver "emprestado" pelo padrasto, dariam o caminho da vida do garoto. Enviado a um reformatório comandado por militares, conheceu Peter Davis, professor de música e regente da orquestra da instituição.
A orientação de Davis ajudou Armstrong a endireitar uma técnica que, até então, era meramente intuitiva, e a aparecer com sucesso -inicialmente, em sua cidade natal, e, posteriormente, em Chicago e Nova York, nos grupos de King Oliver (seu primeiro mentor musical) e Fletcher Henderson, até montar sua própria banda.
Entre 1929 e 1947, Armstrong tocou com uma big band, para, em seguida, com músicos como Barney Bingard (clarinete) e Jack Teagarden (trombone), estruturar os All-Stars, sexteto no modelo de Nova Orleans com o qual tocaria (com mudanças de membros, mas sem troca na instrumentação) até o fim de seus dias, em turnês que levaram sua arte à Europa, à África, ao Extremo Oriente e à América do Sul.


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