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Televisão/Crítica
Fetiche vira tralha em "Roda da Fortuna"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para Vincente Minnelli, sobre a glória cinematográfica pesa sempre o fantasma do esquecimento. Isso pode acontecer
em um drama como "Assim Estava Escrito". Mas acontece
também em uma comédia musical como "A Roda da Fortuna" (TCM, 18h05).
Assim, logo na abertura os
bens pessoais de Tony Hunter
(Fred Astaire) estão indo a leilão. O leiloeiro pede US$ 5 pela
cartola e pela bengala famosas
há alguns anos. Mas o tempo
passou. Ninguém oferece nem
50 cents.
O fetiche virou tralha. A glória evapora, como se nunca tivesse existido. De certa forma,
ela é uma ilusão a mais num
mundo em que tudo parece investido pela ilusão (ver "O Pirata"). Ao sair do trem, o pobre
Tony cruza com Ava Gardner, a
quem os fotógrafos esperam
com ansiedade.
Essa vida de famoso cansa,
ela segreda, cúmplice, a Tony.
Com efeito, diz ele. E se afasta
tristemente. O tempo apenas
os separa. Antonioni devia gostar deste filme.
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