São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Televisão/Crítica

Fetiche vira tralha em "Roda da Fortuna"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Para Vincente Minnelli, sobre a glória cinematográfica pesa sempre o fantasma do esquecimento. Isso pode acontecer em um drama como "Assim Estava Escrito". Mas acontece também em uma comédia musical como "A Roda da Fortuna" (TCM, 18h05).
Assim, logo na abertura os bens pessoais de Tony Hunter (Fred Astaire) estão indo a leilão. O leiloeiro pede US$ 5 pela cartola e pela bengala famosas há alguns anos. Mas o tempo passou. Ninguém oferece nem 50 cents.
O fetiche virou tralha. A glória evapora, como se nunca tivesse existido. De certa forma, ela é uma ilusão a mais num mundo em que tudo parece investido pela ilusão (ver "O Pirata"). Ao sair do trem, o pobre Tony cruza com Ava Gardner, a quem os fotógrafos esperam com ansiedade.
Essa vida de famoso cansa, ela segreda, cúmplice, a Tony. Com efeito, diz ele. E se afasta tristemente. O tempo apenas os separa. Antonioni devia gostar deste filme.


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