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ERUDITO
Diretora estréia dia 7 quarta ópera de sua carreira
Carla Camurati atesta maturidade em BH com "O Barbeiro de Sevilha"
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Gioacchino Rossini (1792-1868)
estreou "O Barbeiro de Sevilha"
em 1816, adaptação da peça de
Pierre-Augustin de Beaumarchais
(1732-1799). A ópera, melodicamente lindíssima, engenhosa de
enredo e extremamente engraçada, tem atraído sucessivas gerações pelo bom teatro e boa música, que desfilam em duas horas e
40 minutos de ação hilariante.
E agora, em BH, a obra é o mais
novo desafio da diretora, atriz e
cineasta Carla Camurati.
É a quarta ópera que ela dirige
(foi sua a última "Carmen", de Bizet, feita em São Paulo). E é também seu atestado de amadurecimento, ao produzir com naturalidade recursos cênicos -os efeitos cômicos de determinado adereço, o jeito de andar de certo personagem- que apenas complementam o desenrolar da partitura
de Rossini.
Camurati também contornou
uma dificuldade séria imposta pelo Palácio das Artes, teatro moderno de 1.700 lugares, com uma
generosa boca de cena de 18 metros, mas uma profundidade de
palco minúscula, o que obriga os
cantores a se movimentarem apenas no proscênio.
O cenário que ela concebeu com
Renato Theobaldo produz a ilusão de muitos planos. É um cenário cinzento, que deixa a opulência das cores para os figurinos desenhados por Cica Modesto.
A Orquestra Sinfônica de Minas
Gerais é regida por Sílvio Viegas,
que talvez traga um Rossini nítido
na cabeça, mas nem sempre obtém dos músicos respostas adequadas. As madeiras, por exemplo, embaralham-se em momentos em que o fraseado complexo
exige nitidez de conjunto.
As boas surpresas estão nas vozes. A Rosina do primeiro elenco
é feita pela soprano Sylvia Klein.
Além de um timbre muito bonito,
ela pratica o vibrato exigido pela
ópera italiana do período com a
leveza de uma especialista. E seus
agudos são delicados.
No mesmo elenco, o barbeiro
Fígaro é cantado por Paulo Szot,
conhecido dos paulistanos ao estrear em 1997 nesse mesmo papel
no Teatro Municipal. Continua
um cantor impecável. No segundo elenco o protagonista será Homero Velho, há três meses sucesso no Festival de Belém do Pará
como Papageno, em "A Flauta
Mágica", de Mozart.
O jornalista João Batista Natali viajou a
convite da Fundação Clóvis Salgado
O BARBEIRO DE SEVILHA. Regência:
Silvio Viegas. Direção cênica: Carla
Camurati. Onde: Palácio das Artes (av.
Afonso Pena 1.537, Belo Horizonte);
reservas pelos tels. 0/xx/31/ 3237-7301
ou 3237-7303. Quando: 7 e 8/11, às
20h30; 9/11, às 18h. Quanto: R$ 45.
Patrocinador: Fiat.
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