São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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MÚSICA

Disco lançado originalmente em 1982 volta com 15 faixas a mais e apresenta o repertório da fase inicial da banda

Álbum duplo captura o auge criativo do grupo Talking Heads

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

A Warner coloca no mercado um micropacote dedicado ao grupo Talking Heads, em que a história do pop corre o risco de ser confundida com oportunismos da indústria. São dois discos: o duplo ao vivo "The Name of This Band Is Talking Heads" e um "The Best of". À primeira vista, formatos que explicitam a preguiça criativa de artistas e a busca por retorno financeiro garantido para as gravadoras.
Como o nome da banda é Talking Heads, a história é diferente, ao menos no primeiro, feito em uma época em que discos ao vivo ainda eram essenciais.
Originalmente lançado em 1982, "The Name" sai agora pela primeira vez em CD, recheado por 15 registros e um caprichado encarte que reproduz resenhas da época. São versões ao vivo de seus quatro primeiros álbuns de estúdio: o primeiro traz a fase 1977-79; o segundo, 1980-81. Trata-se do auge criativo do TH, e "The Name" capta isso com precisão.
Criado em 1974 por estudantes de arte, a banda fazia parte da vertente mais pop e intelectualizada da cena punk de NY. Em vez de barulho e letras agressivas, apresentavam músicas funkeadas e esquizofrênicas, que satirizavam o "american way of life".
A primeira parte de "The Name" mostra um som mais cru e direto, já que apenas o quarteto está no palco. Entram nove faixas, como "Heaven" e "The Book I Read", que dão mais coesão à história que está sendo contada. "Memories Can't Wait", por exemplo, ganha um tom menos claustrofóbico. É o período dos dois primeiros discos, "Talking Heads: 77" e "More Songs about Buildings and Food", e do terceiro, o sombrio "Fear of Music".
A segunda parte de "The Name" capta a turnê de "Remain in Light", disco da banda mais aclamado pela crítica, que marca um período definitivamente voltado para os ritmos africanos. Segue o mesmo set list dos shows, acrescido de seis músicas. Na turnê, o grupo se expande. São dez músicos no palco e o suporte de gente como o guitarrista Adrian Belew (que tocara com David Bowie e Frank Zappa), o tecladista Bernie Worrell e o percussionista Steve Scales (Funkadelic). As faixas soam como longas jams, e a banda se incluiria na longa tradição americana de brancos que fazem música negra.
As canções da fase antiga vestem nova roupagem. A minimalista "Psycho Killer" ganha versão estendida, mais dançante. Traz também uma versão de "Once in a Lifetime" que explica por que o rapper EL-P, no encarte do "The Best of", a considera uma música hip hop. "Born Under Punches (The Heat Goes On)" é desacelerada e ganha climáticos efeitos de guitarra -quase um dub.
Já o redundante "The Best of" tem como destaques "Love -Building on Fire", primeiro registro do Heads, e o encarte, com comentários de artistas como Moby e Doug McCombs (Tortoise) sobre suas faixas prediletas. O nome da banda o ouvinte já sabe, e isso é o que importa.


The Name of This Band Is Talking Heads
    
Quanto: R$ 40, em média

The Best of Talking Heads
  
Quanto: R$ 31, em média
Lançamento: Warner



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