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MÚSICA
Disco lançado originalmente em 1982 volta com 15 faixas a mais e apresenta o repertório da fase inicial da banda
Álbum duplo captura o auge criativo do grupo Talking Heads
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
A Warner coloca no mercado um micropacote dedicado ao grupo Talking Heads, em
que a história do pop corre o risco
de ser confundida com oportunismos da indústria. São dois discos: o duplo ao vivo "The Name of
This Band Is Talking Heads" e um
"The Best of". À primeira vista,
formatos que explicitam a preguiça criativa de artistas e a busca por
retorno financeiro garantido para
as gravadoras.
Como o nome da banda é Talking Heads, a história é diferente,
ao menos no primeiro, feito em
uma época em que discos ao vivo
ainda eram essenciais.
Originalmente lançado em
1982, "The Name" sai agora pela
primeira vez em CD, recheado
por 15 registros e um caprichado
encarte que reproduz resenhas da
época. São versões ao vivo de seus
quatro primeiros álbuns de estúdio: o primeiro traz a fase 1977-79;
o segundo, 1980-81. Trata-se do
auge criativo do TH, e "The Name" capta isso com precisão.
Criado em 1974 por estudantes
de arte, a banda fazia parte da vertente mais pop e intelectualizada
da cena punk de NY. Em vez de
barulho e letras agressivas, apresentavam músicas funkeadas e esquizofrênicas, que satirizavam o
"american way of life".
A primeira parte de "The Name" mostra um som mais cru e
direto, já que apenas o quarteto
está no palco. Entram nove faixas,
como "Heaven" e "The Book I
Read", que dão mais coesão à história que está sendo contada.
"Memories Can't Wait", por
exemplo, ganha um tom menos
claustrofóbico. É o período dos
dois primeiros discos, "Talking
Heads: 77" e "More Songs about
Buildings and Food", e do terceiro, o sombrio "Fear of Music".
A segunda parte de "The Name"
capta a turnê de "Remain in
Light", disco da banda mais aclamado pela crítica, que marca um
período definitivamente voltado
para os ritmos africanos. Segue o
mesmo set list dos shows, acrescido de seis músicas. Na turnê, o
grupo se expande. São dez músicos no palco e o suporte de gente
como o guitarrista Adrian Belew
(que tocara com David Bowie e
Frank Zappa), o tecladista Bernie
Worrell e o percussionista Steve
Scales (Funkadelic). As faixas
soam como longas jams, e a banda se incluiria na longa tradição
americana de brancos que fazem
música negra.
As canções da fase antiga vestem nova roupagem. A minimalista "Psycho Killer" ganha versão
estendida, mais dançante. Traz
também uma versão de "Once in
a Lifetime" que explica por que o
rapper EL-P, no encarte do "The
Best of", a considera uma música
hip hop. "Born Under Punches
(The Heat Goes On)" é desacelerada e ganha climáticos efeitos de
guitarra -quase um dub.
Já o redundante "The Best of"
tem como destaques "Love
-Building on Fire", primeiro registro do Heads, e o encarte, com
comentários de artistas como
Moby e Doug McCombs (Tortoise) sobre suas faixas prediletas. O
nome da banda o ouvinte já sabe,
e isso é o que importa.
The Name of This Band Is Talking Heads
Quanto: R$ 40, em média
The Best of Talking Heads
Quanto: R$ 31, em média
Lançamento: Warner
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