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TELEVISÃO
Estréia hoje a série "Os Aspones"; dos criadores de "Os Normais", é promessa de renovação na teledramaturgia
Repartição pública falida é usada como laboratório da Globo
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto as novelas da Globo
se mostram cada vez mais repetitivas e dependentes de clichês,
mais uma série estréia na emissora como promessa de renovação
na teledramaturgia brasileira.
"Os Aspones", que entra no ar
nesta noite, às 23h05, é filho da
mesma equipe criadora da bem-sucedida "Os Normais". Com texto do casal Alexandre Machado e
Fernanda Young (integrante
do "Saia Justa", do GNT) e direção de José Alvarenga Jr., a série se
passa numa repartição pública falida. Sem nada melhor para fazer,
os "aspones" (assessores de porcaria nenhuma) só falam mal dos
outros. No elenco, Selton Mello,
Marisa Orth, Drica Moraes, Pedro
Paulo Rangel e Andréa Beltrão.
Vai ao ar após o "Globo Repórter", horário que já virou uma espécie de "laboratório" da Globo.
Foi também a sexta à noite
-quando parte dos telespectadores sai para passear e o compromisso com um bom ibope não
é dos mais estressantes- que revelou experiências como o próprio "Os Normais", "Sexo Frágil"
(com elenco formado só por homens, também no papel de mulheres) e "Cidade dos Homens".
Esse último, além de inovar na
linguagem e abordar de maneira
inédita a periferia na TV, provou
para a Globo que não é só o que se
produz internamente que dá certo. A série foi desenvolvida pela
produtora independente O2, de
Fernando Meirelles ("Cidade de
Deus") e já teve três temporadas.
O esquema de exibição em "safras", aliás, é outra novidade na
TV brasileira firmada nesse horário de sexta à noite. Importado
das emissoras norte-americanas,
dá mais liberdade para a experimentação, já que as séries não têm
o compromisso de permanecer
no ar se não agradar o público.
Cutucada
Autor de "Os Aspones", o publicitário Alexandre Machado diz
que a produção em temporadas
proporciona maior participação
de novos roteiristas. "O método
põe muita gente nova escrevendo
e dá uma arejada nas idéias."
Outro ponto que facilita a renovação da teledramaturgia, segundo ele, é o custo das séries. "São
produções mais baratas e simples,
que, se não der certo, podem ser
desfeitas sem grandes traumas.
Além disso, as boas idéias não
precisam ser muito caras."
Para Machado, é curioso que
justamente a Globo, líder de audiência, dê espaço a um "laboratório" de dramaturgia. "Quem
deveria experimentar sempre são
as outras redes. Só as coisas realmente novas na TV conseguem
desequilibrar a audiência e dar
uma cutucada na concorrência."
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