São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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TELEVISÃO

Estréia hoje a série "Os Aspones"; dos criadores de "Os Normais", é promessa de renovação na teledramaturgia

Repartição pública falida é usada como laboratório da Globo

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto as novelas da Globo se mostram cada vez mais repetitivas e dependentes de clichês, mais uma série estréia na emissora como promessa de renovação na teledramaturgia brasileira.
"Os Aspones", que entra no ar nesta noite, às 23h05, é filho da mesma equipe criadora da bem-sucedida "Os Normais". Com texto do casal Alexandre Machado e Fernanda Young (integrante do "Saia Justa", do GNT) e direção de José Alvarenga Jr., a série se passa numa repartição pública falida. Sem nada melhor para fazer, os "aspones" (assessores de porcaria nenhuma) só falam mal dos outros. No elenco, Selton Mello, Marisa Orth, Drica Moraes, Pedro Paulo Rangel e Andréa Beltrão.
Vai ao ar após o "Globo Repórter", horário que já virou uma espécie de "laboratório" da Globo.
Foi também a sexta à noite -quando parte dos telespectadores sai para passear e o compromisso com um bom ibope não é dos mais estressantes- que revelou experiências como o próprio "Os Normais", "Sexo Frágil" (com elenco formado só por homens, também no papel de mulheres) e "Cidade dos Homens".
Esse último, além de inovar na linguagem e abordar de maneira inédita a periferia na TV, provou para a Globo que não é só o que se produz internamente que dá certo. A série foi desenvolvida pela produtora independente O2, de Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") e já teve três temporadas.
O esquema de exibição em "safras", aliás, é outra novidade na TV brasileira firmada nesse horário de sexta à noite. Importado das emissoras norte-americanas, dá mais liberdade para a experimentação, já que as séries não têm o compromisso de permanecer no ar se não agradar o público.

Cutucada
Autor de "Os Aspones", o publicitário Alexandre Machado diz que a produção em temporadas proporciona maior participação de novos roteiristas. "O método põe muita gente nova escrevendo e dá uma arejada nas idéias."
Outro ponto que facilita a renovação da teledramaturgia, segundo ele, é o custo das séries. "São produções mais baratas e simples, que, se não der certo, podem ser desfeitas sem grandes traumas. Além disso, as boas idéias não precisam ser muito caras."
Para Machado, é curioso que justamente a Globo, líder de audiência, dê espaço a um "laboratório" de dramaturgia. "Quem deveria experimentar sempre são as outras redes. Só as coisas realmente novas na TV conseguem desequilibrar a audiência e dar uma cutucada na concorrência."


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