São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2005

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Autora leva Bivar a Bloomsbury

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1993, 20 anos depois de ter iniciado seu interesse pela obra de Virginia Woolf com a leitura de uma tradução brasileira de "As Ondas", o escritor Antonio Bivar foi o primeiro brasileiro e único latino-americano na segunda classe da Escola de Verão de Charleston, fazenda inglesa onde autores como ele estudavam a vida e obra do Bloomsbury, grupo de artistas e intelectuais do início do século 20, do qual Woolf foi uma das mais notórias figuras. Do tal grupo, que mantinha encontros regulares em Charleston, também fez parte o escritor Lytton Strachey, cuja conflituosa relação com a pintora Dora Carrington foi retratada, em 1995, no filme "Carrington".
Da experiência do brasileiro nasceu "Bivar na Corte de Bloomsbury" (editora A Girafa), espécie de caderno de viagens em que o autor descreve as palestras, cursos e representações teatrais realizadas na fazenda, de que participaram escritores como Michael Cunningham (autor de "As Horas"), Alain de Botton, Susan Sontag e o Prêmio Nobel de Literatura Harold Pinter. Uma corte literata, mas não a original, como ressalva o escritor na apresentação do livro: "Posso até ter estado a conviver um pouco com os descendentes sangüíneos do Bloomsbury original, mas o grupo mesmo, como tal, foi dado como findo muito antes de eu ter nascido", escreve o autor.
Nesta apresentação e ao longo do livro, Bivar busca evocar a atmosfera do Bloomsbury, contando a história do grupo, que tomou seu nome emprestado do bairro na região central de Londres para onde Woolf e seus três irmãos foram após a morte do pai, sir Leslie Stephen, em 1904. A casa onde passaram a viver foi um dos quartéis-generais do grupo, segundo Bivar o elemento londrino que faltava ao Bloomsbury, formado essencialmente de estudantes dos colleges de Cambridge.

Outras viagens
Os diários de Bivar, que incluem 70 ilustrações e fotos, dão conta de 11 anos de suas passagens por Charleston, que culminam com a comemoração do centenário do Grupo de Bloomsbury, ocorrida no ano passado.
Suas impressões são complementadas por consultas feitas em livros escritos por Virginia Woolf e sobre a escritora -entre eles, a biografia "Bloomsbury", de Quentin Bell, sobrinho de Woolf-, sobre seus contemporâneos, além de periódicos e páginas na internet.
E isso não é tudo: Bivar também relaciona, à experiência em Charleston, outras viagens feitas à Ilha de Wright, ao sul da França e à Espanha e uma jornada de ônibus pela América do Sul, de São Paulo ao Chile, Argentina e Uruguai. Uma narrativa em episódios, cujo espírito ele compara ao de Sherazade em "As Mil e Uma Noites".


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