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Autora leva Bivar a Bloomsbury
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1993, 20 anos depois de ter
iniciado seu interesse pela obra de
Virginia Woolf com a leitura de
uma tradução brasileira de "As
Ondas", o escritor Antonio Bivar
foi o primeiro brasileiro e único
latino-americano na segunda
classe da Escola de Verão de
Charleston, fazenda inglesa onde
autores como ele estudavam a vida e obra do Bloomsbury, grupo
de artistas e intelectuais do início
do século 20, do qual Woolf foi
uma das mais notórias figuras. Do
tal grupo, que mantinha encontros regulares em Charleston,
também fez parte o escritor
Lytton Strachey, cuja conflituosa
relação com a pintora Dora Carrington foi retratada, em 1995, no
filme "Carrington".
Da experiência do brasileiro
nasceu "Bivar na Corte de
Bloomsbury" (editora A Girafa),
espécie de caderno de viagens em
que o autor descreve as palestras,
cursos e representações teatrais
realizadas na fazenda, de que participaram escritores como Michael Cunningham (autor de "As
Horas"), Alain de Botton, Susan
Sontag e o Prêmio Nobel de Literatura Harold Pinter. Uma corte
literata, mas não a original, como
ressalva o escritor na apresentação do livro: "Posso até ter estado
a conviver um pouco com os descendentes sangüíneos do
Bloomsbury original, mas o grupo mesmo, como tal, foi dado como findo muito antes de eu ter
nascido", escreve o autor.
Nesta apresentação e ao longo
do livro, Bivar busca evocar a atmosfera do Bloomsbury, contando a história do grupo, que tomou
seu nome emprestado do bairro
na região central de Londres para
onde Woolf e seus três irmãos foram após a morte do pai, sir Leslie
Stephen, em 1904. A casa onde
passaram a viver foi um dos quartéis-generais do grupo, segundo
Bivar o elemento londrino que
faltava ao Bloomsbury, formado
essencialmente de estudantes dos
colleges de Cambridge.
Outras viagens
Os diários de Bivar, que incluem
70 ilustrações e fotos, dão conta
de 11 anos de suas passagens por
Charleston, que culminam com a
comemoração do centenário do
Grupo de Bloomsbury, ocorrida
no ano passado.
Suas impressões são complementadas por consultas feitas em
livros escritos por Virginia Woolf
e sobre a escritora -entre eles, a
biografia "Bloomsbury", de
Quentin Bell, sobrinho de
Woolf-, sobre seus contemporâneos, além de periódicos e páginas na internet.
E isso não é tudo: Bivar também
relaciona, à experiência em Charleston, outras viagens feitas à Ilha
de Wright, ao sul da França e à Espanha e uma jornada de ônibus
pela América do Sul, de São Paulo
ao Chile, Argentina e Uruguai.
Uma narrativa em episódios, cujo
espírito ele compara ao de Sherazade em "As Mil e Uma Noites".
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