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Séries reciclam velhos formatos
Boa parte das produções que estréiam na TV paga nos próximos dias se inspira em seriados de sucesso
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada se perde, nada se cria,
tudo se transforma. A lei de
conservação de massas estabelecida por Lavoisier saltou dos
livros de ciência para a cabeça
dos roteiristas de televisão norte-americanos. É o que apontam as premissas de várias séries que estréiam na TV paga
brasileira nos próximos dias. A
nova leva de comédias de situação, dramas familiares e tramas
focadas no trinômio que fascina a audiência americana -crimes, inquéritos policiais e processos jurídicos- apresenta
novos personagens e conflitos
ao público, mas traz um largo
repertório de "referências" a
sucessos de anos anteriores.
É o caso de "The Nine" (veja
horários à esquerda), que toma
as 52 horas de um assalto a banco como ponto de partida para
abordar as relações que se estabelecem entre nove reféns. Foco em desconhecidos forçados
a trabalhar juntos para sair de
uma situação-limite, desdobramentos que demandam acompanhamento fiel do público e
flashbacks que lançam luz sobre os mistérios caracterizam
uma versão urbana de "Lost".
Já "What about Brian" (terças, às 22h, no Sony; estréia em
7/11) é herdeiro de "Dawson's
Creek", sucesso adolescente do
final dos anos 90. O protagonista, único solteiro em uma turma de casados, apaixona-se pela noiva do melhor amigo. Daí,
advém o dilema: preservar a
amizade ou se render à cilada
do cupido? Alguém aí se lembra
do idêntico triângulo Dawson-Joey-Pacey?
Reciclagem também é palavra de ordem entre as comédias. Tomemos "The Class", sobre o reencontro de colegas de
terceira série primária, 20 anos
depois. A reunião traz memórias agridoces e reaviva paixões
em um octeto 50% masculino,
50% feminino. Amizades como
porto seguro para enfrentar a
vida adulta? Proporção entre
gêneros perfeita para troca-troca de casais? Nem precisava
dizer que o criador é o mesmo
de "Friends"...
Para além da insistência em
formatos surrados, a safra
2006/2007 periga ostentar um
rótulo desconfortável: o do fracasso. Dos 12 novos programas
de ficção que os dois principais
canais do segmento apresentam, três já foram cancelados
nos EUA. E mais: o público brasileiro não verá as principais
novidades da temporada americana, como a adaptação da
novela colombiana "Betty, a
Feia", o drama "Brothers and
Sisters" - crônica do cotidiano
de uma família desajustada
(mais uma!) - e "Heroes", sobre pessoas que descobrem ser
dotadas de superpoderes. Essa
última foi comprada pelo Universal Channel, que cogitou
uma estréia em janeiro, mas
agora diz não haver previsão.
A diretora de programação
da Warner Channel para a
América Latina, Wilma Maciel,
explica a diferença entre a lista
de estréias do canal e o ranking
das novidades mais vistas e comentadas nos EUA. "Compramos a maior parte das séries em
maio, antes de estrearem por
lá. Não temos o termômetro do
público."
Já a diretora de marketing
dos canais Sony para o Brasil,
Estefânia Granito, relativiza o
peso do ibope americano. "As
medidas de sucesso são diferentes. Nos EUA, há uma expectativa de retorno gigante
em público e publicidade. Aqui,
os números são outros."
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