São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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Atriz elogia recurso que a rejuvenesce

Regina Duarte, ao ver sua pele corrigida por programa de computador na novela, espantou-se: "Como fizeram esse milagre?"

Namoradinha do Brasil quer escrever um livro e acredita que cineastas podem não convidá-la para filmes por achar que ela é "cara e difícil"

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia abaixo a continuação da entrevista de Regina Duarte. (LAURA MATTOS)

 

FOLHA - Gostaria de fazer cinema?
REGINA
- Sim, mas não tenho recebido projetos.

FOLHA - Há resistência dos cineastas em razão de sua forte presença na TV? Você já falou em panelinha...
REGINA
- É, pode ser por isso, e também podem achar que sou cara, difícil. As pessoas criam toda uma mitologia quando se tem uma história de 42 anos.

FOLHA - Você é cara e difícil?
REGINA
- Depende da proposta. Se for boa, sou docilíssima como uma gueixa. E baratíssima. Não estou interessada em fazer pé-de-meia. Queria um bom projeto, um bom diretor.

FOLHA - Qual diretor?
REGINA
- Tantos que, se eu for enumerar, tenho medo de deixar alguém de fora.

FOLHA - Diga pelo menos três...
REGINA
- Ah, Waltinho [Walter Salles, "Central do Brasil"], Luiz Fernando Carvalho ["Lavoura Arcaica"] e Daniel Filho ["Se Eu Fosse Você"].

FOLHA - O fato de heroínas e galãs terem mais de 40 anos significa que a TV é fechada a novos talentos?
REGINA
- Não, a televisão está superaberta a novos talentos. Mesmo Manoel Carlos dá destaque a muita gente nova.

FOLHA - Como surgiu o apelido de "namoradinha do Brasil"?
REGINA
- A primeira vez que li foi na "Veja". Fazia uma peça, em 1975, na qual minha personagem rompia com a minha imagem de dócil e sofredora, e o título da entrevista foi "Ex-namoradinha do Brasil". Além disso, em 1970, havia feito a novela "Minha Doce Namorada".

FOLHA - E você continua sendo a namoradinha do Brasil?
REGINA
- Espero que sim [risos]. Adoro o título, acho bem representativo de uma relação amorosa entre o público e eu.

FOLHA - O que acha do baselight [programa de computador que rejuvenesce, utilizado em "Páginas da Vida"]? Sua pele está bem lisinha.
REGINA
- O programa é usado para todo o elenco, homens, mulheres, crianças. É um recurso que tem a ver com a TV digital, com câmeras de alta definição, que podem ser tremendamente cruéis [por ressaltar as imperfeições]. A primeira vez que notei que minha pele estava diferente, perguntei: "Gente, como conseguiram fazer esse milagre comigo?". Achei que era a lente e brinquei: "Posso levar para casa? Quero agora andar com ela".

FOLHA - Aguinaldo Silva lançará o romance "98 Tiros de Audiência", baseado em personagens reais, no qual a estrela da novela é carente e geniosa, e a TV, um antro de trapaças. Reconhece esse ambiente?
REGINA
- Não, para mim é lenda. Não conheço esse universo de rivalidade, dificuldade. Tenho uma vida pessoal gratificante, e a TV é um pedaço.

FOLHA - É por isso que não gosta muito de dar entrevistas?
REGINA
- Foi um processo de amadurecimento. Antes dava entrevistas, permitia que minha vida fosse mais devastada. Hoje mantenho a privacidade.

FOLHA - Ainda suporta responder se continua com medo [em 2002, causou polêmica ao dizer, na propaganda de Serra, ter medo de Lula]?
REGINA
- As pessoas perguntam [risos], mas não respondo mais. Já está bastante claro, não precisa ficar relembrando.

FOLHA - Ficou muito decepcionada com a reeleição de Lula?
REGINA
- Não sei qual seria a palavra. Mas é isso que a nação quer, temos que respeitar.

FOLHA - Qual é seu novo projeto?
REGINA
- Há mais de 20 anos quero escrever um livro. Desde os oito anos, escrevo tudo o que me passa pela cabeça e guardo algumas coisas. É para conversar comigo mesma, para me entender, como uma meditação. Escrevo à mão ainda, a lápis, e só depois passo ao computador. Não posso nem culpar a novela por não ter escrito esse livro ainda, eu fico inventando coisas para evitar esse retiro necessário a quem quer escrever.


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