FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Jim Carrey volta a fazer o papel de mentiroso compulsivo ("O Mentiroso"), o cara que consegue tudo o que quer ("Todo Poderoso"), o obsessivo que nunca desiste ("Número 23").
A diferença é que agora ele é gay, com direito a beijos na boca de Ewan McGregor e de Rodrigo Santoro, embora os diretores de "I Love you Phillip Morris" achem isso apenas um detalhe do personagem.
Glenn Ficarra e John Requa, diretores da comédia dramática, estão em São Paulo para divulgar o filme na 33ª Mostra Internacional de Cinema, ao lado de Santoro.
O longa é baseado na história real de Steven Russell, um ex-policial do Texas que passa a viver de trambiques para manter a vida de luxo ao lado de seus namorados -primeiro Santoro, num papel pequeno, depois McGregor, o tal Phillip Morris.
"Jim estava realmente preocupado em como funcionava a mente de Steve. A coisa gay era secundária", diz Requa, tentando pôr panos quentes num assunto que, segundo a mídia estrangeira, teria dificultado achar uma distribuidora. O filme ficou pronto em meados de 2008 e só entra em cartaz no ano que vem.
"Em nenhum momento pediram para a gente cortar cenas, fizemos por questão de tempo", diz Ficarra. Segundo ele, o filme teve orçamento "menor que o salário normal de Jim Carrey", que trabalhou praticamente de graça.

Santoro
O prejudicado foi Santoro, que, segundo os diretores, teve uma cena "muito doce e romântica" com Carrey cortada. "Não tinha nada de sexo. Eles estavam na cama juntos, e eles se beijam, se beijam bem. Dois beijos, na verdade", diz Ficarra.
Santoro, que já viveu um travesti em "Carandiru", contou que os três atores chegaram a fazer um laboratório numa boate gay em Miami: "Foi uma noite só, fomos tomar uns drinques, nos ambientar".
"O Jim tem uma criatividade monstruosa", lembra o brasileiro, contando que as cenas eram feitas primeiro de improviso. "Ele vinha com umas coisas do nada, e eu tinha que responder. Era genial, mas difícil."
Sobre os beijos na boca, ele desconversa. "Para mim, quando eu estou trabalhando, fazendo uma personagem, eu não estou beijando alguém. Não é por mim que passa. Até porque é uma coisa tão simbólica, não é?"