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Diretor compara "Mamma Mia!" com filme da Xuxa
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Rodolfo García Vázquez
não vê glamour em ser convidado para a pré-estreia de
um musical da Broadway em
São Paulo.
Os aproximados 2 km do
percurso de sua casa, que fica no baixo Augusta, até o
teatro Abril, na Bela Vista,
ele fez a pé. O diretor e dramaturgo chegou quase na
hora do espetáculo, um pouco suado. A barra da calça
jeans mal feita e carcomida
na parte dos calcanhares.
Foi sua primeira investida
no universo da Broadway
paulistana. A peça é "Mamma Mia!", cuja versão original ele viu em Nova York.
García Vázquez estava especialmente ansioso para
ouvir Abba em português. No
primeiro ato da peça, gargalhou com a tradução dos versos "You can dance/ you can
jive", de "Dancing Queen":
"Vem dançar/ a valer/ hoje a
rainha é você".
Ao ver a interpretação da
canção "Chiquitita", fez sua
primeira observação. "É bem
mais engraçado do que a
americana. Está diferente."
As montagens da produtora TF4, importadas em sistema de franchising, costumam ser fiéis ao original. Pela primeira vez, os intérpretes brasileiros parecem mais
soltos. O cenário, no entanto,
permanece igual.
Rodolfo considerou o primeiro ato divertido. Mas, no
intervalo, fez críticas. "Essa
produção deve ser absurdamente cara. Não entendo como é permitido montar um
espetáculo desses, que visa
ao lucro já na concepção,
com dinheiro de dedução fiscal [via Lei Rouanet]."
A produção de "Mamma
Mia!" não revela o valor investido no espetáculo. Mas,
pelo site do Ministério da
Cultura (MinC), é possível ver
que a T4F solicitou captação
de R$ 16,9 milhões com o benefício da Lei Rouanet -pela
qual empresas podem destinar à produção cultural parcela do Imposto de Renda devido. O MinC aprovou captação de R$ 13,39 milhões.
Os ingressos custam entre
R$ 80 e R$ 230.
Durante o segundo ato, o
diretor pareceu cansado. Bocejou várias vezes, mexeu-se
na poltrona, incomodado.
Passou a rir mais do comportamento do público do que
do próprio espetáculo.
García Vázquez chegou a
se divertir com a plateia dançando de pé, ao som dos números que encerram a peça,
enfim cantados em inglês.
Saiu de lá comparando o
musical a um filme da Xuxa.
Considerou a montagem eficiente como entretenimento.
Nada contra a diversão pura,
mas também nada mais do
que isso.
(GF)
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