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"Street World" mostra cultura urbana periférica
Organizado pelo autor de "Graffiti Brasil", publicação enfoca manifestações de rua em diversos países, em mais de mil fotos
Funk carioca, osgemeos, pichação e grafite paulistas são destaques do livro ao lado da "street art" de cidades como Mumbai
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As ruas são responsáveis por
importantes capítulos da cultura pop, além de boas cifras para
a indústria de entretenimento.
Foi assim com o hip hop, que
nasceu entre as block parties
nova-iorquinas no fim da década de 60; com o skate, que fez
suas primeiras manobras nas
ruas da Califórnia nos 70, e com
o grafite, que ganhou seus primeiros esboços nos metrôs de
Nova York na década de 80.
Radiografar a cultura periférica, feita nas ruas de inúmeros
países, foi a tarefa incumbida
ao trio Roger Gastman, Anthony Smyrski e Caleb Neelon,
autores de "Street World: Urban Culture From Five Continents" (mundo das ruas: a cultura urbana de cinco continentes), lançado pela editora inglesa Thames and Hudson.
"Achei que seria uma chance
de mostrar muita coisa pela
qual somos apaixonados", diz
Neelon, 31, educador, artista de
rua (com trabalhos nos muros
de Katmandu e Calcutá) e também autor de "Graffiti Brasil",
livro que faz um apanhado do
grafite brasileiro.
Com a ajuda de um time de
quase cem fotógrafos, o trio
compilou mais de mil fotos, da
Jamaica ao Japão -acompanhadas por breves textos.
"Street World" foi organizado em sete grandes tópicos:
moda (dos colecionadores de
tênis ao estilo excêntrico dos
japoneses), militância (o grafite, a pichação e a "street art'),
meios de transporte (do skate
às gangues russas de motocicleta), inspiração (como os muros
de Calcutá e as propagandas
pintadas à mão em cidades da
África do Sul) e união (dos protestos aos coletivos de arte).
O retrato das ruas é diverso,
ao mesmo tempo em que registra expressões bastante localizadas e inesperadas, como a cena hip hop de Casablanca e a luta-livre mexicana, protagonizada por homens mascarados.
São Paulo
Osgemeos, o grafite e a pichação paulistana ganharam páginas exclusivas no livro. Neelon
vem visitando São Paulo desde
1997. "É uma cidade única, uma
das minhas preferidas. Não há
nada como a pichação e o grafite de São Paulo no mundo, mas
entendo porque eles podem ser
odiados pelos paulistanos", diz.
"Por ser tão única, porém, a pichação deveria ser considerada
com cuidado", avalia.
O Rio comparece com o baile
funk, "o maior movimento musical da cidade depois da bossa
nova", segundo o trio.
O livro se distancia de outros
títulos sobre o assunto ao registrar o que se passa em cidades
periféricas como Mumbai ou
Kingston. Para Neelon, o dinheiro não faz diferença na
produção desse tipo de cultura,
que é feita por pessoas comuns,
sejam elas americanas ou sul
africanas, longe de terem a arte
como ganha-pão.
STREET WORLD: URBAN CULTURE FROM FIVE CONTINENTS
Autor: Roger Gastman, Anthony Smyrski e Caleb Neelon
Editora: Thames and Hudson
Quanto: importado, US$ 23 (R$ 41),
mais taxas, em www.amazon.com
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