São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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"Street World" mostra cultura urbana periférica

Organizado pelo autor de "Graffiti Brasil", publicação enfoca manifestações de rua em diversos países, em mais de mil fotos

Funk carioca, osgemeos, pichação e grafite paulistas são destaques do livro ao lado da "street art" de cidades como Mumbai

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As ruas são responsáveis por importantes capítulos da cultura pop, além de boas cifras para a indústria de entretenimento.
Foi assim com o hip hop, que nasceu entre as block parties nova-iorquinas no fim da década de 60; com o skate, que fez suas primeiras manobras nas ruas da Califórnia nos 70, e com o grafite, que ganhou seus primeiros esboços nos metrôs de Nova York na década de 80.
Radiografar a cultura periférica, feita nas ruas de inúmeros países, foi a tarefa incumbida ao trio Roger Gastman, Anthony Smyrski e Caleb Neelon, autores de "Street World: Urban Culture From Five Continents" (mundo das ruas: a cultura urbana de cinco continentes), lançado pela editora inglesa Thames and Hudson.
"Achei que seria uma chance de mostrar muita coisa pela qual somos apaixonados", diz Neelon, 31, educador, artista de rua (com trabalhos nos muros de Katmandu e Calcutá) e também autor de "Graffiti Brasil", livro que faz um apanhado do grafite brasileiro.
Com a ajuda de um time de quase cem fotógrafos, o trio compilou mais de mil fotos, da Jamaica ao Japão -acompanhadas por breves textos. "Street World" foi organizado em sete grandes tópicos: moda (dos colecionadores de tênis ao estilo excêntrico dos japoneses), militância (o grafite, a pichação e a "street art'), meios de transporte (do skate às gangues russas de motocicleta), inspiração (como os muros de Calcutá e as propagandas pintadas à mão em cidades da África do Sul) e união (dos protestos aos coletivos de arte). O retrato das ruas é diverso, ao mesmo tempo em que registra expressões bastante localizadas e inesperadas, como a cena hip hop de Casablanca e a luta-livre mexicana, protagonizada por homens mascarados.

São Paulo
Osgemeos, o grafite e a pichação paulistana ganharam páginas exclusivas no livro. Neelon vem visitando São Paulo desde 1997. "É uma cidade única, uma das minhas preferidas. Não há nada como a pichação e o grafite de São Paulo no mundo, mas entendo porque eles podem ser odiados pelos paulistanos", diz. "Por ser tão única, porém, a pichação deveria ser considerada com cuidado", avalia.
O Rio comparece com o baile funk, "o maior movimento musical da cidade depois da bossa nova", segundo o trio. O livro se distancia de outros títulos sobre o assunto ao registrar o que se passa em cidades periféricas como Mumbai ou Kingston. Para Neelon, o dinheiro não faz diferença na produção desse tipo de cultura, que é feita por pessoas comuns, sejam elas americanas ou sul africanas, longe de terem a arte como ganha-pão.


STREET WORLD: URBAN CULTURE FROM FIVE CONTINENTS
Autor:
Roger Gastman, Anthony Smyrski e Caleb Neelon
Editora: Thames and Hudson
Quanto: importado, US$ 23 (R$ 41), mais taxas, em www.amazon.com


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