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TERRA SECA
Do gênero, em SP, apenas o disco "Acústico", de Roberto Carlos, ficou entre os dez mais vendidos no ano passado
Brasileiros "rejeitam" MPB e compram pagode e samba
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A sede por relançamentos e coletâneas que determinou o caminho das gravadoras em 2002 refletiu em cheio no desejo do consumidor brasileiro por esse tipo de
produto.
No ano passado, em São Paulo,
apenas três dos dez discos mais
vendidos na capital continham
composições/interpretações que
podem ser consideradas inéditas.
No Rio, um pouco mais: quatro.
E mais: em São Paulo, entre os
dez mais vendidos, três foram
lançados em 2001. No Rio, a situação não é muito diferente. Quatro
dos mais populares álbuns chegaram às lojas naquele ano.
As informações são do Nopem
(Nelson Oliveira Pesquisa e Estudo de Mercado), empresa privada
que afere a vendagem de discos
nas cidades de São Paulo e do Rio
de Janeiro desde 1964.
A pesquisa é feita por oito pessoas (quatro em cada cidade), que
visitam semanalmente 50 lojas
(25 em cada capital) e entrevistam
seus vendedores. Essas visitas são
feitas sem aviso prévio aos estabelecimentos.
Revelação
A música nacional dominou a
vendagem de discos no país. A
participação estrangeira entre os
mais vendidos ficou restrita à trilha internacional da novela "O
Clone" (3º em SP e 5º no RJ) e a
"Sandy & Junior Internacional",
da dupla pop Sandy & Junior (7º
em SP e 6º no RJ).
Segundo a pesquisa, os CDs
mais vendidos tanto em São Paulo como no Rio, em primeiro e segundo lugares respectivamente,
foram "Revelação ao Vivo", do
grupo Revelação, e "Deixa a Vida
me Levar", de Zeca Pagodinho.
Ao olhar a lista dos dez mais,
percebe-se que a tradicional MPB
não está, há tempos, se fazendo
presente no gosto musical do consumidor brasileiro.
Reportagem publicada na capa
da Ilustrada há cinco anos, também com informações do Nopem, já registrava que, em 1997,
apenas um entre os 50 discos mais
vendidos daquele ano em São
Paulo poderia ser encaixado dentro do filão MPB: era o "Acústico"
de Gal Costa.
Em 2002, a situação é semelhante. Na lista relativa à capital paulista, apenas o romântico "Acústico MTV", de Roberto Carlos, em
oitavo lugar, pode ser colocado
naquele rótulo entre os dez mais.
Atrás, aparecem Cássia Eller e seu
"Acústico" (12º lugar), "Elo", de
Jorge Vercilo (19º), e... só. Pagodeiros, sambistas, sertanejos e os
românticos pop dominaram as
paradas paulistas.
O Rio se mostra um pouco mais
apegado à MPB do que São Paulo.
Entre seus 50 mais vendidos, aparecem Jorge Vercilo (3º), Cássia
Eller (10º), Roberto Carlos (22º),
Caetano Veloso (23º), Cássia Eller
de novo (27º), Jorge Benjor (43º),
Tribalistas (44º) e Rita Lee (50º).
(Outro dado: em 97, o Brasil era
o sexto maior mercado de CDs do
mundo; em 2002, com a invasão
dos piratas -e também devido
ao encarecimento do produto original-, caiu para 12º.)
São Paulo, por outro lado, parece mais "jovem". Comprou bastante Racionais (24º), Capital Inicial (26º) e Supla (27º), que não
aparecem na lista carioca.
No levantamento relacionado à
capital paulista, o artista internacional mais bem colocado em
vendas é a banda/cartoon Gorillaz, em 13º. Depois, vêm o veteraníssimo brega Bee Gees (18º), a
loira Britney Spears (40º) e a baba
pop britânica The Calling (49º).
No Rio, os estrangeiros que ficaram entre os 50 primeiros foram o
grupo Aerosmith (30º) e Gorillaz
(34º).
Culpados à parte, a MPB não é
mais popular. Faz tempo.
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