São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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TV Cultura deve andar com as próprias pernas

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender do governo do Estado de São Paulo, a TV Cultura deverá cada vez mais andar com suas próprias pernas.
Com um orçamento apertado, o Estado prevê que a emissora tenha cada vez mais recursos financeiros próprios.
A emissora, pública, é administrada pela Fundação Padre Anchieta e mantida, em parte, com verba do governo estadual.
O orçamento para 2003, aprovado em dezembro do ano passado, prevê que a emissora consiga R$ 30 milhões em recursos próprios. O de 2002 previa R$ 22 milhões. É um crescimento de 36%, acima até do aumento de faturamento das principais redes comerciais de televisão (a Rede TV!, que declarou o maior crescimento no ano dentre as TVs comerciais, faturou em 2003 35% a mais que em 2002 e, na Globo, o aumento girou em torno de 9%).
Já a parte que cabe ao Estado no orçamento da TV Cultura subiu bem menos, 3%. Foi de R$ 87 milhões no orçamento de 2002 para R$ 90 milhões no de 2003.
Marcos Mendonça, secretário estadual da Cultura à época da aprovação orçamentária, disse, em entrevista à Folha, que "a tendência é que cada vez mais a TV Cultura tenha recursos próprios".
"A emissora ampliou o número de prestações de serviço ao Estado. Desenvolve projetos para secretarias, faz a programação da TV Assembléia, da TV Justiça", disse Marcos Mendonça, que afirmou que essa questão também está ligada às "dificuldades orçamentárias do Estado".
Em agosto de 2002, a Cultura fechou acordo com o Supremo Tribunal Federal para colocar no ar a programação da TV Justiça. Pela prestação de serviço, recebe R$ 190 mil por mês. Também fatura R$ 310 mil para colocar no ar o canal da Assembléia de São Paulo.
Além disso, a emissora conta com a verba vinda de parcerias com a iniciativa privada.
O principal programa lançado pela TV Cultura no ano passado, por exemplo, o seriado "Ilha Rá-Tim-Bum", ficou mais de cinco anos na gaveta da emissora e só foi viabilizado graças a um patrocínio de cerca de R$ 4 milhões da Fundação Bradesco.

Adequada
A Fundação Padre Anchieta, por meio de e-mail enviado por sua assessoria de imprensa, afirmou à Folha que "a TV Cultura considera que os recursos vindos do governo e da receita própria têm uma proporção adequada".
Sobre o aumento dos recursos próprios, acima da média das emissoras comerciais, a fundação afirmou que "a explicação é que a receita própria da Fundação Padre Anchieta não é comercial, de publicidade comercial, como a das redes comerciais".
A assessoria disse também que "a receita da fundação é obtida não apenas da publicidade institucional, mas principalmente de serviços prestados, de venda de produtos licenciados pela fundação e de parcerias".
Segundo a assessoria de imprensa, até meados de dezembro do ano passado, a TV Cultura já havia ultrapassado os R$ 22 milhões de recursos próprios previstos no orçamento de 2002.


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