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TV Cultura deve andar com as próprias pernas
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender do governo do Estado de São Paulo, a TV Cultura
deverá cada vez mais andar com
suas próprias pernas.
Com um orçamento apertado, o
Estado prevê que a emissora tenha cada vez mais recursos financeiros próprios.
A emissora, pública, é administrada pela Fundação Padre Anchieta e mantida, em parte, com
verba do governo estadual.
O orçamento para 2003, aprovado em dezembro do ano passado, prevê que a emissora consiga
R$ 30 milhões em recursos próprios. O de 2002 previa R$ 22 milhões. É um crescimento de 36%,
acima até do aumento de faturamento das principais redes comerciais de televisão (a Rede TV!,
que declarou o maior crescimento no ano dentre as TVs comerciais, faturou em 2003 35% a mais
que em 2002 e, na Globo, o aumento girou em torno de 9%).
Já a parte que cabe ao Estado no
orçamento da TV Cultura subiu
bem menos, 3%. Foi de R$ 87 milhões no orçamento de 2002 para
R$ 90 milhões no de 2003.
Marcos Mendonça, secretário
estadual da Cultura à época da
aprovação orçamentária, disse,
em entrevista à Folha, que "a tendência é que cada vez mais a TV
Cultura tenha recursos próprios".
"A emissora ampliou o número
de prestações de serviço ao Estado. Desenvolve projetos para secretarias, faz a programação da
TV Assembléia, da TV Justiça",
disse Marcos Mendonça, que afirmou que essa questão também está ligada às "dificuldades orçamentárias do Estado".
Em agosto de 2002, a Cultura fechou acordo com o Supremo Tribunal Federal para colocar no ar a
programação da TV Justiça. Pela
prestação de serviço, recebe R$
190 mil por mês. Também fatura
R$ 310 mil para colocar no ar o canal da Assembléia de São Paulo.
Além disso, a emissora conta
com a verba vinda de parcerias
com a iniciativa privada.
O principal programa lançado
pela TV Cultura no ano passado,
por exemplo, o seriado "Ilha Rá-Tim-Bum", ficou mais de cinco
anos na gaveta da emissora e só
foi viabilizado graças a um patrocínio de cerca de R$ 4 milhões da
Fundação Bradesco.
Adequada
A Fundação Padre Anchieta,
por meio de e-mail enviado por
sua assessoria de imprensa, afirmou à Folha que "a TV Cultura
considera que os recursos vindos
do governo e da receita própria
têm uma proporção adequada".
Sobre o aumento dos recursos
próprios, acima da média das
emissoras comerciais, a fundação
afirmou que "a explicação é que a
receita própria da Fundação Padre Anchieta não é comercial, de
publicidade comercial, como a
das redes comerciais".
A assessoria disse também que
"a receita da fundação é obtida
não apenas da publicidade institucional, mas principalmente de
serviços prestados, de venda de
produtos licenciados pela fundação e de parcerias".
Segundo a assessoria de imprensa, até meados de dezembro
do ano passado, a TV Cultura já
havia ultrapassado os R$ 22 milhões de recursos próprios previstos no orçamento de 2002.
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