São Paulo, sexta-feira, 06 de janeiro de 2006

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POPLOAD

Manifesto RRRRRRRRRRRock 2006

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Pense global, aja local. Sim, o velho ditado socioeconômico a serviço da música nova.
A primeira coluna do ano passado trouxe o primeiro Manifesto Rrrrrrrock e dizia que, se tivesse, apostaria seu dinheirinho no rock e na manifestação roqueira no Brasil. E o que aconteceu?
Do lado global, nunca tantos discos e DVDs sobre rock foram lançados. Nunca tantos sites, blogs e marcas se envolveram com rock. Nunca tiveram tantos festivais e shows de música pop neste país. Nunca celular, MySpace, Orkut e afins buscaram tanta interação com rock.
Do lado local, nunca tantas baladas de rock foram armadas neste país. Festivais indies rolaram por todo lugar. Fundaram até uma "associação de festivais independentes". Selos novos apareceram. Selo/loja virtual surgiu. Bares e clubes novos abriram. Só este colunista foi convidado a viajar para 15 cidades do país (algumas duas vezes) para tocar música nova. A revista "Bizz", depois de anos hibernando, voltou a circular. Um site-depósito de música de bandas que não têm gravadora teve mais audiência que todos os sites de grandes gravadoras.
Historinha: no final de 2004/começo de 2005 uma gigante marca de celular, de olho no rock, encomendou uma pesquisa de um instituto para levantar com jovens de 15 a 45 anos qual seria o "festival ideal". A primeira apuração, só na base das perguntas, trouxe o trivial: nomes de muitas bandas descoladas do rock. Numa segunda abordagem, os pesquisadores invadiram a intimidade dos entrevistados. Fizeram uma visita à casa deles. Olharam o que tem no quarto deles. Na coleção de discos dos pesquisados (CDs e músicas no computador), foram encontrados CDs das bandas gringas que eles queriam ver no "festival ideal". E também um número considerável da produção independente nacional.
Nasceram então dois festivais. Um no primeiro semestre, percorrendo oito cidades brasileiras, com um "chamariz" internacional e várias bandas locais. E depois o tal festival "desejado", em um dia só, no segundo semestre.
Isso tudo é passado. Olhando para 2006, temos:
  Tudo o que aconteceu em 2005 com o rock, revisto, ampliado e turbinado.
  Oasis, Stones, U2, Franz Ferdinand, Killers, Coldplay, Kasabian, Supergrass, LCD Soundsystem, entre outros, prontos para embarcar para a América do Sul. Isso só para os primeiros meses do ano. Sem contar os festivais gigantes do segundo semestre, já em fase de pré-produção.
  A banda indie sorocabana Wry como uma das atrações do São Paulo Fashion Week.
  Notícias de mais clubes, bares, mais festas, mais selos e mais revistas de rock surgindo pelo país.
  A confecção do Mapa do Rock no Brasil, retrato das movimentações da música jovem das principais cidades brasileiras, articulado pela versão virtual desta coluna, que vai virar blog em breve (Folha Online).
  O surgimento do site Overmundo, outra manifestação para mapear e revelar o que está acontecendo em cada cena local. Suba a bordo. Pense global e aja local.
  Em Salvador, apareceu e já se consolida uma festa nova de rock. Chama Nave e tem o lema "Aposto que você fica bem numa pista de dança". O lema é tradução do nome de música da banda inglesa Arctic Monkeys, fenômeno de internet, que promete ser um dos grandes nomes de 2006. Isso é pensar global e agir local.


@ - lucio@uol.com.br

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