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POPLOAD
Manifesto RRRRRRRRRRRock 2006
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Pense global, aja local. Sim,
o velho ditado socioeconômico a serviço da música nova.
A primeira coluna do ano passado trouxe o primeiro Manifesto
Rrrrrrrock e dizia que, se tivesse,
apostaria seu dinheirinho no rock
e na manifestação roqueira no
Brasil. E o que aconteceu?
Do lado global, nunca tantos
discos e DVDs sobre rock foram
lançados. Nunca tantos sites,
blogs e marcas se envolveram
com rock. Nunca tiveram tantos
festivais e shows de música pop
neste país. Nunca celular, MySpace, Orkut e afins buscaram tanta
interação com rock.
Do lado local, nunca tantas baladas de rock foram armadas neste país. Festivais indies rolaram
por todo lugar. Fundaram até
uma "associação de festivais independentes". Selos novos apareceram. Selo/loja virtual surgiu. Bares e clubes novos abriram. Só este colunista foi convidado a viajar
para 15 cidades do país (algumas
duas vezes) para tocar música nova. A revista "Bizz", depois de
anos hibernando, voltou a circular. Um site-depósito de música
de bandas que não têm gravadora
teve mais audiência que todos os
sites de grandes gravadoras.
Historinha: no final de 2004/começo de 2005 uma gigante marca
de celular, de olho no rock, encomendou uma pesquisa de um instituto para levantar com jovens de
15 a 45 anos qual seria o "festival
ideal". A primeira apuração, só na
base das perguntas, trouxe o trivial: nomes de muitas bandas descoladas do rock. Numa segunda
abordagem, os pesquisadores invadiram a intimidade dos entrevistados. Fizeram uma visita à casa deles. Olharam o que tem no
quarto deles. Na coleção de discos
dos pesquisados (CDs e músicas
no computador), foram encontrados CDs das bandas gringas
que eles queriam ver no "festival
ideal". E também um número
considerável da produção independente nacional.
Nasceram então dois festivais.
Um no primeiro semestre, percorrendo oito cidades brasileiras,
com um "chamariz" internacional e várias bandas locais. E depois o tal festival "desejado", em
um dia só, no segundo semestre.
Isso tudo é passado. Olhando
para 2006, temos:
Tudo o que aconteceu em
2005 com o rock, revisto, ampliado e turbinado.
Oasis, Stones, U2, Franz Ferdinand, Killers, Coldplay, Kasabian, Supergrass, LCD Soundsystem, entre outros, prontos para
embarcar para a América do Sul.
Isso só para os primeiros meses
do ano. Sem contar os festivais gigantes do segundo semestre, já
em fase de pré-produção.
A banda indie sorocabana
Wry como uma das atrações do
São Paulo Fashion Week.
Notícias de mais clubes, bares, mais festas, mais selos e mais
revistas de rock surgindo pelo
país.
A confecção do Mapa do
Rock no Brasil, retrato das movimentações da música jovem das
principais cidades brasileiras, articulado pela versão virtual desta
coluna, que vai virar blog em breve (Folha Online).
O surgimento do site Overmundo, outra manifestação para
mapear e revelar o que está acontecendo em cada cena local. Suba
a bordo. Pense global e aja local.
Em Salvador, apareceu e já
se consolida uma festa nova de
rock. Chama Nave e tem o lema
"Aposto que você fica bem numa
pista de dança". O lema é tradução do nome de música da banda
inglesa Arctic Monkeys, fenômeno de internet, que promete ser
um dos grandes nomes de 2006. Isso é pensar global e agir local.
@ - lucio@uol.com.br
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