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Produtores e DJs apresentam o tecno minimalista em São Paulo
Mínimo Múltiplo Comum
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Se no final dos anos 50 e começo
dos 60 gente como Donald Judd,
Dan Flavin e Sol LeWitt decidiram questionar o padrão de pintura e escultura com obras que foram classificadas como minimalistas, produtores e DJs utilizam
hoje idéias semelhantes para abrir
caminhos na eletrônica. Os conceitos minimais serão bastante
ouvidos neste começo de ano nos
clubes de São Paulo. Hoje o Lov.e
terá como atração o chileno Luciano; amanhã, o D-Edge recebe o
top alemão Michael Mayer.
Materiais industriais, trabalhos
dispostos em espaços regulares,
obras simétricas e exibidas sem
adereços. Assim se estruturavam,
segundo David Batchelor, em seu
ensaio sobre minimalismo (ed.
Cosac & Naify), os trabalhos daqueles artistas nova-iorquinos.
Composições em que as harmonias são dispostas como módulos,
batidas em formato bruto, despidas de qualquer adereço, canções
feitas a partir da repetição de melodias. Assim é o método de criação do tecno minimalista que já
vem sendo produzido há algum
tempo e deve se popularizar definitivamente neste 2006.
Depois das apresentações paulistanas de Luciano e Mayer, será
a vez, na semana que vem, da polonesa Magda (D-Edge) e do alemão Steve Bug (Lov.e). Em fevereiro, vêm os canadenses Mathew
Dear e Richie Hawtin.
Além desses, o chileno Ricardo
Villalobos e os canadenses Akufen e Matthew Jonson são nomes
que vêm desenvolvendo o estilo.
E conhecidos DJs de tecno, como
Adam Beyer, Chris Liebing, Sven
Väth e Marco Carolla, e até da melódica progressive house, como
Sasha e John Digweed, têm imprimido o minimal em seus sets.
"Fiquei surpreso de ver DJs de
tecno mais pesado tocando minimal. Não houve grandes desenvolvimentos dentro de alguns estilos da eletrônica, então acho que
essas pessoas ficaram entediadas
e procuraram algo mais interessante, inovador", opina Mayer,
que é sócio da Kompakt
(www.kompakt-net.de), gravadora referência no assunto, autor
do importante CD "Touch" e
"descobridor" do brasileiro Gui
Boratto, que teve um disco lançado pelo selo. "A cena do tecno minimal é criativa, com vários selos,
artistas e caminhos a seguir."
Para o alemão, o gênero é uma
espécie de essência da música eletrônica. "Tenho a impressão de
que o minimal é a música perfeita
para se começar a produzir.
Quando você entender o minimal, entenderá a estrutura da
dance music. A house, por exemplo, utiliza elementos tribais, latinos, da soul music; no minimal isso não existe. É a mais universal
das linguagens da dance music."
Novas tecnologias, novos instrumentos e novos softwares são,
para Luciano, alavancas que ajudam o gênero a crescer: "Não que
o tecno minimal esteja trazendo
algo novo, mas mostra um jeito
diferente de produzir e de olhar a
música. Uma dimensão nova".
Luciano
Quando: hoje, a partir das 23h30
Onde: Lov.e (r. Pequetita, 189, Vila
Olímpia, SP; tel. 0/xx/11/3044-1613)
Quanto: de R$ 25 a R$ 50
Michael Mayer
Quando: amanhã, a partir das 23h30
Onde: D-Edge (al. Olga, 170, Barra
Funda, SP; tel. 0/xx/11/3666-9022)
Quanto: R$ 30
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