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Internet vira reduto de quadrinistas
Especialistas consultados pela Folha elegem seus "webcomics" preferidos; brasileiro Rafael Sica é um dos destaques
Revista "Time" elege um
quadrinho on-line como a
melhor graphic novel de
2007; obras como "Penny
Arcade" criam legiões de fãs
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A busca por "webcomic" no
Google dá mais de 3,7 milhões
de resultados -e este é apenas
um dos termos pelos quais os
quadrinhos on-line podem ser
pesquisados, o que, mesmo
após depuração dos resultados,
dá uma boa dimensão da vasta
produção disponível na internet daquilo que Will Eisner
chamava de "arte seqüencial".
O uso da rede como veículo
para os quadrinhos -aqui entendidos em uma acepção mais
ampla, incluindo charges, tirinhas e HQs- já está consolidado, de modo análogo (mas mais
eficiente) ao que aconteceu
com a música.
Milhões de quadrinistas,
chargistas, cartunistas de todo
canto, que nunca tiveram acesso aos veículos tradicionais
(jornais, revistas, livros), encontraram guarida on-line,
com ampla liberdade para publicar sem qualquer censura.
Para fazer uma seleção dos
melhores quadrinhos digitais, a
Folha convidou cinco especialistas e fãs de HQ e pediu a cada
um três indicações, com comentários que podem ser vistos no quadro ao lado.
Os resultados mostram que
há grandes (e, na maioria dos
casos, desconhecidos) artistas
do traço e das idéias fazendo
trabalhos sensacionais on-line
(e com acesso gratuito).
Mas também prova que mesmo os conhecimentos básicos
de desenho se tornaram dispensáveis: rabiscos primários,
colagens, cliparts, fotos.
Prêmios e listas
Ainda que uma minoria dos
autores tenha conseguido fazer
dos "webcomics" uma profissão rentável, há inúmeros casos
de migração para jornais (como
André Dahmer, dos "Malvados") e para livros (como o
"Perry Bible Fellowship").
Há também fenômenos como o "Penny Arcade", que começou há quase nove anos como trabalho de dois amigos e se transformou em um lucrativo
site centrado em games, com
empresas pagando alto por
anúncios, um videogame baseado nos quadrinhos a caminho e até a criação de sua própria entidade beneficente.
O reconhecimento dos "webcomics" pela crítica também
tem aumentado, com a participação da categoria em prêmios
de quadrinhos (foram incluídos no célebre Eisner Awards
em 2005, por exemplo).
Outra boa medida disso está
na lista de melhores graphic
novels de 2007 da revista "Time", que colocou em primeiro
lugar uma "webcomic", Achewood, de Chris Onstad (www.achewood.com).
"Não é uma graphic novel no
sentido tradicional, já que seu
veículo é a web, mas Achewood
é tão profundamente genial
que seria um crime não colocá-lo nessa lista, e no topo dela",
disse a revista.
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