|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Marilyn Monroe esbanja vulgaridade feliz
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Existem filmes felizes.
"Quanto Mais Quente Melhor" (TCM, 22h) é dos mais
felizes do mundo, e poucos podem ser mais indicados do que
ele para um domingo de verão.
Primeiro, existe Marilyn Monroe, que, como se sabe, vivia
atrasando filmagens como forma de punir a Fox pelos baixos
salários que recebia. Mas Billy
Wilder sabia lidar com ela, e é
dele a tirada espetacular segundo a qual ele tinha uma avó que
nunca se atrasou, a vida inteira;
mas ninguém pagaria um centavo para vê-la.
O fato é que Monroe está espetacular, talvez desenvolvendo melhor do que nunca seus
dotes de comediante e distribuindo aquela sua loira vulgaridade que, no entanto, nunca foi
problema, pois, como escreve
Machado de Assis, na mulher o
sexo atenua a vulgaridade que
no homem ela acentua.
Nenhuma vulgaridade na dupla de comediantes: Jack Lemmon e Tony Curtis, dois músicos que, por azar, testemunham um massacre de gângsteres e são obrigados a fugir vestidos de mulher. De salto alto e
tailleur, eles são a demonstração acabada dos encantos femininos -eles mesmos notam.
É preciso não esquecer que o
filme flerta, sem excessos, com
o melhor da tradição norte-americana, como George Raft,
notável expressão do gangsterismo cinematográfico.
Esta comédia de 1959 ainda
traz talvez a frase mais marcante da história do cinema: "Ninguém é perfeito". Mas, às vezes,
é quase.
Texto Anterior: Bia Abramo: Temor e expectativa cercam "BBB 8' Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|