São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Crítica

Marilyn Monroe esbanja vulgaridade feliz

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existem filmes felizes. "Quanto Mais Quente Melhor" (TCM, 22h) é dos mais felizes do mundo, e poucos podem ser mais indicados do que ele para um domingo de verão.
Primeiro, existe Marilyn Monroe, que, como se sabe, vivia atrasando filmagens como forma de punir a Fox pelos baixos salários que recebia. Mas Billy Wilder sabia lidar com ela, e é dele a tirada espetacular segundo a qual ele tinha uma avó que nunca se atrasou, a vida inteira; mas ninguém pagaria um centavo para vê-la.
O fato é que Monroe está espetacular, talvez desenvolvendo melhor do que nunca seus dotes de comediante e distribuindo aquela sua loira vulgaridade que, no entanto, nunca foi problema, pois, como escreve Machado de Assis, na mulher o sexo atenua a vulgaridade que no homem ela acentua.
Nenhuma vulgaridade na dupla de comediantes: Jack Lemmon e Tony Curtis, dois músicos que, por azar, testemunham um massacre de gângsteres e são obrigados a fugir vestidos de mulher. De salto alto e tailleur, eles são a demonstração acabada dos encantos femininos -eles mesmos notam.
É preciso não esquecer que o filme flerta, sem excessos, com o melhor da tradição norte-americana, como George Raft, notável expressão do gangsterismo cinematográfico.
Esta comédia de 1959 ainda traz talvez a frase mais marcante da história do cinema: "Ninguém é perfeito". Mas, às vezes, é quase.


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