São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2005

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O despertar de um HOMEM

Aos 30 anos, o ator Leonardo DiCaprio alcança a maturidade artística em "O Aviador", de Martin Scorsese

CARLO BIZIO
DO ""INDEPENDENT"

"Muito bem, a imprensa!", murmura Leonardo DiCaprio, 30, para falar de seu novo filme, ""O Aviador", de Martin Scorsese, sobre a vida de Howard Hughes.
DiCaprio não tem falado muito com a imprensa; ele tenta evitar a superexposição após ""Titanic" (97). A impressão é que ele estava em toda parte, que era o super-herói de noites selvagens com garotas. Finalmente os colunistas sociais pareciam ter se cansado, o que está ótimo para ele e sua namorada de nem todas as horas, Gisele Bündchen. A impressão é que existem dois DiCaprios: o homem/menino e o mulherengo.
DiCaprio é muito diferente do personagem de ""O Aviador", épico de Scorsese sobre a história do magnata do cinema, mulherengo, aviador pioneiro e excêntrico avesso a micróbios Howard Hughes. É um filme no qual o ator ocupa o centro, liderando tudo com presença dominante. Talvez seja o filme de sua maturidade.
""Preocupamo-nos com a possibilidade de eu parecer jovem demais. No final do filme, Hughes está com 42 anos. É claro que a maquiagem e o fato de trabalhar com Martin para "envelhecer" ajudaram. Eu próprio tenho uma exuberância juvenil."
O fato de completar 30 anos não significa que DiCaprio se sinta adulto. ""Sinto-me como a mesma pessoa. Odeio dizer que agora me sinto adulto. Bem que gostaria de ainda ter 18. Mesmo enquanto representava aquele jovem descontrolado, eu não era nada daquilo."
""Havia muita atenção da mídia sobre mim, e fui rotulado como alguma coisa. Mas nunca cheguei a me descontrolar e nunca passei por uma fase esquisita. Desde que você trate bem as pessoas, não fique convencido e não vire alguém com quem os outros não suportam trabalhar, acho que você estará fazendo tudo certo."
""O Aviador" é a segunda colaboração de DiCaprio com Scorsese e marca sua entrada plena no elogiado ""clube Scorsese-Robert de Niro". ""Esses são os caras que comecei a assistir e a estudar quando eu tinha 16 e descobri que poderia virar ator. Eles são meus ídolos. Apesar da diferença de gerações, Martin percebe o afeto genuíno que sinto pelo processo de fazer cinema. Nós trabalhamos juntos realmente bem."
Hughes foi um homem que tinha um pendor notório pela extravagância. E DiCaprio? ""Não tenho muitas extravagâncias. Não piloto jatinhos particulares, não tenho guarda-costas, não compro coisas malucas. Tenho algumas casas. Comprei um relógio muito caro e vou comprar um pôster de cinema realmente caro."
Por enquanto, DiCaprio está feliz, fazendo o que gosta: atuando. Ele trabalha para seu próximo papel, o de um oficial da OSS, a agência de espionagem da Segunda Guerra que se transformou na CIA, em ""The Good Shepherd" (o bom pastor). ""Faço um adolescente mais uma vez. O que é ótimo quando se completa 30 anos neste ramo é que você tem a chance de perpetuar o ser velho ou ser jovem pelo tempo que quiser."
Hughes, uma figura pública que resguardava sua privacidade, é alguém com quem DiCaprio pode sentir alguma afinidade.
""Minha vida privada é uma coisa sobre a qual muitas pessoas querem falar. Elas querem saber como a fama mudou minha vida após "Titanic" e como isso me afetou. Eu me revolto com a idéia de não poder ir a qualquer lugar ou fazer algumas coisas porque serei reconhecido. Vou aonde quiser, mesmo sabendo que as pessoas vão apontar para mim e me parar." Existe algo na fama que o desagrade? ""Você está brincando? Muitos adorariam estar na minha pele. Há tanta gente que sofre trilhões de vezes mais do que eu. Sou um filho da mãe de muita sorte."


Tradução de Clara Allain


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