|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARNAVAL
Rodrigo Scarpa, do "Pânico na TV", que apresentará baile GLS na Rede TV!, faz ranking das sandálias da humildade
Repórter Vesgo será porteiro no Gala Gay
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres já sabem que é preciso muito cuidado -ele não só
beija de supetão, como lambe.
Agora, os gays, lésbicas e simpatizantes que se cuidem: Rodrigo
Scarpa, 23, o Repórter Vesgo do
"Pânico na TV" (Rede TV!) estará
na porta do Gala Gay, o mais tradicional baile de Carnaval do público GLS brasileiro, que acontece
na noite de terça-feira, no Rio de
Janeiro. A partir das 23h30, Vesgo
e seu fiel escudeiro Silvio (Santos,
interpretado por Wellington Muniz, o Ceará) recepcionarão os foliões com a apresentadora oficial
do evento, Monique Evans.
Em entrevista à Folha, Scarpa
fala da cobertura do baile e de sua
experiência como o Repórter Vesgo, diz que o limite é o "bom senso" e revela que nunca calçou as
sandálias da humildade.
Folha - Vocês terão cuidado com
as brincadeiras no Gala Gay para
não parecerem preconceituosos?
Rodrigo Scarpa - Não, é uma
brincadeira. A gente brinca com
todos os tipos de classe, de pessoas. Desde os gays até as celebridades. Não tem uma característica de preconceito, não tem nada a
ver. Geralmente os gays são bem-humorados, entram no espírito
da brincadeira, até mais do que alguns artistas, que são arrogantes.
Eu acho que vai ser muito bacana,
acho que eles gostam da gente
também. Eu tenho essa impressão
porque a gente já foi chamado para a "G Magazine", eu e o Ceará.
Folha - Vocês foram chamados
para posar?
Scarpa - Já chamaram duas vezes. Tem louco para tudo. É, no
mínimo, engraçado.
Folha - Qual é o limite da brincadeira com vocês?
Scarpa - O limite do bom senso.
Aliás, é o que a gente sempre usa
nas nossas reportagens. A gente
está aprendendo também, bastante. No começo, eu achava que
podia tudo. Depois, fui me policiando um pouco mais. Hoje, eu
acho que estou mais bem-humorado do que crítico. Lógico que o
Repórter Vesgo se caracteriza pela crítica. Mas sem agressividade,
sem desrespeitar o entrevistado,
respeitando o espaço do entrevistado, o bom humor dele.
Folha - Isso não vai de encontro
às sandálias da humildade?
Scarpa - Não necessariamente. A
gente dá as sandálias para pessoas
arrogantes, que se acham a última
bolacha do pacote. O Clodovil,
por exemplo, não recebeu não só
porque recusava as brincadeiras
do "Pânico", mas porque ele se
acha o apresentador único, o cara
que revolucionou a televisão brasileira. As pessoas são escolhidas
por um fato, não porque a gente já
zoou com elas.
Folha - Você já se sentiu ridículo
alguma vez? Já ficou constrangido?
Scarpa - Não, acho que não. Vergonha o Rodrigo sempre tem de
fazer as coisas. Eu tive muita vergonha do lance da Roberta Miranda. Eu me senti muito constrangido ali. Era uma das minhas
primeiras reportagens. Eu fui dar
um selinho e ela veio com tudo.
Me deixou muito sem graça.
Folha - Ela já sabia que você era o
Repórter Vesgo?
Scarpa - Ela nem sabia, era a segunda matéria que eu fazia. Ninguém me conhecia. Foi a primeira
vez que eu saí no jornal, por causa
da Roberta Miranda. Estava todo
mundo lá, e ninguém entendeu
nada. Todo mundo viu o beijo e
começou a tirar foto.
Folha - Já ficou com pena de alguém?
Scarpa - Já fiquei com pena da
Mariana Kupfer. Hoje, eu me policio mais. Não quero que o Vesgo
seja um vilão. Quero que seja um
entrevistador brincalhão. Crítica,
a gente sempre vai fazer. A gente
já tá pensando em coisas de notícia, coisas de vilões que apareceram, tipo Sérgio Naya, várias pessoas. Criminosos que não foram
punidos, a gente está pensando
em fazer alguma coisa com isso. O
Vesgo se ampliou bastante, não
está limitado só a celebridades
hoje.
Folha - Você teve alguma inspiração para criar o Vesgo?
Scarpa - O Vesgo surgiu do nada. Foi surgindo porque ninguém
queria ir ao "Pânico" no começo,
ninguém sabia como era o programa. Tinha a briga Faustão e
Gugu, esses rolos de gravação, e,
como o artista não podia ir, a gente foi até o artista. Comecei a ir às
festas e a gente começou a brincar, a zoar, e acabou surgindo.
Folha - Qual é o número e a marca
das sandálias da humildade?
Scarpa - Nem marca têm. As
sandálias da humildade são sandálias simples, que a gente pegou
no meio de um saco de fantasias.
Segundo informações, elas eram
da [escola de samba paulistana]
Rosas de Ouro, de uma fantasia.
Eu nem sei o número.
Folha - Você nunca calçou?
Scarpa - Eu nunca calcei, mas no
dia em que alguém pedir, eu calço. Acho que cabe em mim.
Folha - Eu queria que você fizesse
um ranking das cinco pessoas que
mais merecem as sandálias.
Scarpa - Cinco? É difícil...
Folha - Então faça o ranking de
quem já recebeu oferta. Três lugares em escala de humildade.
Scarpa - O Clodovil precisa calçar urgentemente. Tem o Maradona, agora que a gente tá atrás
dele. E, em terceiro lugar, a Luiza
Tomé, que ainda não calçou. É difícil julgar as pessoas sem que elas
tenham feito nada.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Transmissão hipnotiza carnavalescos da poltrona Índice
|