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Crítica/"Coleção sob Guarda Provisória"
Escolha e disposição das obras revela falta de ousadia
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A exposição "Coleção sob
Guarda Provisória do MAC
USP" é bastante representativa
do que significou o mecenato
privado na última década: apenas sob decisão judicial coleções importantes, com raríssimas exceções, foram entregues
a museus.
Enquanto no resto do mundo
grandes colecionadores tornaram-se parceiros de museus
existentes, como o empresário
Eli Broad, que doou US$ 60 milhões para o Los Angeles
County Museum abrigar parte
de sua coleção, por aqui, e principalmente através da Lei
Rouanet, continua sendo o Estado o grande provedor dos
museus públicos e privados.
No entanto, a exposição "Coleção sob Guarda Provisória do
MAC USP" poderia ser uma excelente oportunidade para uma
entidade como o MAC -que
ainda neste ano deve ocupar
parte de sua nova sede, no antigo edifício do Detran- debater
o papel atual do mecenato.
Nada seria mais apropriado,
afinal o próprio MAC surgiu a
partir da impressionante coleção particular de Ciccillo Matarazzo, além do acervo do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, uma das estranhas histórias da arte brasileira.
Em vez disso, os curadores
do MAC organizam uma exposição burocrática, que trata os
três acervos recebidos (do Banco Santos, de Edemar Cid Ferreira, do megainvestidor Naji
Nahas e do narcotraficante
Juan Carlos Ramírez Abadía)
de forma envergonhada, sem
assumir, com um debate necessário, sua questionável origem.
Às vésperas de ocupar um espaço com reais condições museológicas e adequadas a seu
acervo, o MAC, com essa exposição, sinaliza sua maior fraqueza: a falta total de ousadia.
Esse desânimo se espelha na
mostra e pode ser conferido
também na seleção e na forma
de disposição de suas 118 peças:
cada coleção apreendida possui
uma cor distinta na legenda das
obras, e só.
Segundo a exposição, Nahas
teria o acervo mais requintado,
com modernistas de peso como
os brasileiros Di Cavalcanti e
Portinari, além do espanhol
Joan Miró.
Mas, das mais de mil obras do
Banco Santos, a impressão é
que se optou pelas mais pitorescas, com algumas exceções
como Cildo Meireles, Leda Catunda e Amilcar de Castro.
Assim, não é de se estranhar
que coleções privadas fujam
dos museus públicos.
COLEÇÃO SOB GUARDA
PROVISÓRIA DO MAC USP
Quando: de ter. a dom., das 12h às
18h; até 31/3
Onde: MAC Ibirapuera (pavilhão
Ciccillo Matarazzo, portão 3, pq. Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5573-9932)
Quanto: entrada franca
Avaliação: ruim
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