São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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Tolerância marca a cidade

do enviado especial

Capital da Bósnia-Herzegóvina, Sarajevo sempre se caracterizou como um importante ponto de encontro de várias culturas, servindo de passagem para as caravanas de mercadores provenientes da Grécia e da Ásia Menor em direção à Europa e vice-versa.
Seus primeiros habitantes foram os ilíricos (habitantes da Ilíria, antiga região montanhosa da costa norte do Adriático). Os romanos conquistaram a região no século 9 a.C., sendo sucedidos por gregos, bizantinos e turcos otomanos.
Foram estes últimos, a partir da metade do século 15, que fundaram, às margens do rio Miljacka, a cidade de Saraj-ovasi (saraj significa castelo ou palácio e ovas, campo), nome que, adaptado à pronúncia eslava, tornou-se Sarajevo.
Uma das principais características do império otomano foi a tolerância religiosa, que possibilitou a convivência entre muçulmanos e católicos, ortodoxos e sefarditas (judeus expulsos da península Ibérica em 1492).
Curiosamente, Sarajevo é uma das raras cidades em que os judeus não precisaram se isolar em guetos e puderam estabelecer sua comunidade livremente. O domínio muçulmano enriqueceu a cidade com mesquitas, escolas, centros de estudo e hospedarias.
A ocupação da Bósnia pelo império austro-húngaro, em 1878, deu a Sarajevo novos impulsos econômicos, cultural e político, mas essa efervescência só durou até 28 de junho de 1914, quando Gavrilo Princip, um nacionalista sérvio, assassinou o arquiduque Franz Ferdinando, herdeiro do império, e sua mulher Sofia.
O crime deu início à 1ª Guerra Mundial, que terminou com a realização do sonho de Princip: a criação da "Grande Sérvia", a Iugoslávia, país que reuniu até 1991 as repúblicas da Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro e Macedônia e as regiões autônomas de Kossovo e Vojvodina.
(CF)



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