São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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EM PRODUÇÃO
Kaige e Li assassinam monarca no século 12

das agências internacionais

O diretor chinês Chen Kaige e a atriz Gong Li estão juntos em "O Assassino", co-produção entre China, Japão, França e EUA.
No novo filme, Kaige, 46, volta suas atenções para o período dos Estados Guerreiros, antes da primeira unificação da China, no século 12.
"O Assassino", resultado de uma pesquisa de oito anos, descreve a história de um assassino profissional que tem por objetivo matar o monarca Ying Zheng, responsável pela unificação, a mando de Zhao, uma das concubinas de Zheng, interpretada por Gong Li.
Zhao teme o destino de sua pátria nas mãos do amante e recorre aos serviços de Jin Ke (Zhang Fengyi), um homicida condenado à morte salvo pela concubina.
A partir daí, o filme, rodado em vários lugares da China, retrata o descobrimento, por parte do monarca, da infidelidade conjugal da mãe e das traições de seus aliados.
Antes musa de Zhang Yimou ("Lanternas Vermelhas"), diretor que -juntamente com Kaige e Tian Zhuangzhuang ("O Sonho Azul")- está entre os mais bem-sucedidos do cinema chinês atual e com quem a atriz foi casada, Li é agora a protagonista feminina de um enredo permeado de crimes e conspirações, em que a ficção procura tornar mais agradável a reconstrução histórica.
"Não quis mudar os rumos da história", afirmou Kaige. "Mas admito que tive que embelezar os fatos para torná-los mais atraentes ao público."
Em 1993, Chen Kaige venceu a Palma de Ouro em Cannes e o Globo de Ouro por "Adeus, Minha Concubina", narrativa da amizade ambígua entre dois artistas da Ópera de Pequim.
"O Assassino", sétimo filme do diretor, descreve um dos períodos mais conturbados da história política da China, quando os reinos de Qi, Yan, Chu, Han, Zhao, Wei e Qin disputavam o controle da unificação do país, obtida pelos Qin, liderados por Ying Zheng.
Kaige, como já demonstrou em filmes anteriores, tem preferência por personagens de caráter duvidoso e atitudes contraditórias, que podem terminar se autoflagelando apenas para confrontar valores sociais imutáveis.
Veto
Seus longas não são considerados apenas entretenimento na China. "Adeus, Minha Concubina" causou retaliações por retratar períodos como a Revolução Cultural. Em 91, "A Vida por um Fio", também de Kaige, teve sua exibição proibida na China, e "Temptress Moon", de 97, foi igualmente vetado pelas autoridades cinematográficas locais.
Em um país em que o sexo não pode ser levado às telas, a não ser sob enfoque puramente científico, o diretor ousou apresentar, em "...Moon", um drama psicológico de forte carga erótica, além de inúmeras referências políticas.
Com "O Assassino", Kaige volta a dirigir Gong Li -garantia de êxito comercial em suas produções, como "Adeus, Minha Concubina"-, mas opta por um roteiro mais tranquilo, que leva a narrativa a um passado remoto, menos conflituoso aos olhos da censura chinesa.



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