São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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DOCUMENTÁRIO

Trem da vida percorre faces de Mazzaropi

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A primeira idéia já é muito boa: enquanto se escuta o som de um trem em movimento, vemos janelas estilizadas dos vagões e, nelas, diversos rostos de Amácio Mazzaropi, dando conta da carreira desse comediante desde a infância, quando fã apaixonado dos circos, até o tempo de ator mais poderoso do país.
A trajetória de Mazzaropi nunca foi um mistério inexplicável: todo mundo sabe que ele representa a figura do caipira a um tempo sábio e ingênuo, num momento de intensa migração campo/cidade. O que dizer a seu respeito? Bem, existe primeiro o trem, que levava o jovem Amácio de Taubaté a São Paulo e vice-versa, fazendo dessa rota a mais marcante de sua vida.
Na infância, as viagens eram freqüentes, e a troca entre essas experiências, a do interior e a da capital, é essencial na formação do ator. Esse é o primeiro ponto de "Mazzaropi, o Cineasta das Platéias", documentário simples e exato de Luis Otávio de Santi.
Existe, em seguida, o caipira matreiro nos negócios. Nesse quesito, as melhores histórias são contadas pelo montador Maximo Barro. Uma delas: o dia em que, ao apresentar seu primeiro filme colorido a um exibidor, de cara exigiu um aumento de percentual de bilheteria. A figura do caipira Mazzaropi herdou de Genésio Arruda, entre outros, mas sua percepção do mundo era muito pessoal. O matuto desconfiado e beligerante de tantos filmes não era outro senão Mazzaropi: o personagem, o produtor, o ator eram, a rigor, a mesma coisa.
Num trabalho que acompanha sua carreira com informação boa e variada, talvez o melhor depoimento seja o do historiador Fabio Ricci, para quem a carreira de Mazza coincide com o processo de substituição de importações no Brasil. É, também, o auge do cinema brasileiro. Uma explicação que eu nunca ouvi antes, que faz sentido, e da qual seria útil extrair conseqüências.


Mazzaropi, o Cineasta das Platéias
Quando:
hoje, às 22h40, no Canal Brasil



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