São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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Coleção Folha foca crenças religiosas

Volume deste domingo reúne fotógrafos que têm a fé como grande tema de seus trabalhos

Imagens do iraniano Abbas, do checo Josef Koudelka, do americano Steve McCurry e do polonês David Seymour estão no sexto livro da série

DA REPORTAGEM LOCAL

"Religiões", o sexto livro da Coleção Folha Grandes Fotógrafos, que será lançado no próximo domingo, foca a diversidade de crenças religiosas, a fé na transcendência e na existência de outras dimensões além da vida terrena.
O volume traz 22 obras de quatro fotógrafos documentaristas para os quais a fé é um dos principais eixos de pesquisa em seus projetos pessoais. Três deles são contemporâneos e seguem em atividade: o iraniano Abbas, o checo Josef Koudelka e o norte-americano Steve McCurry. Também participa o polonês David Seymour, um dos co-fundadores da agência Magnum, que morreu em 1956, aos 45 anos, enquanto cobria a Guerra de Suez.
Após buscar algumas definições para explicar o que é religião, o texto de apresentação do livro finaliza lembrando, de forma oportuna, a frase do economista Karl Marx: "A religião é o ópio do povo" -o que virou um emblema um tanto quanto reducionista fartamente utilizado por ideologias laicas. O autor, porém, afirmou no mesmo parágrafo que religião também "é o suspiro da criatura oprimida, a consciência de um mundo sem coração, assim como ela própria é o espírito de uma situação sem espírito".
Essa busca da transcendência, desse espírito superior que serve de refúgio dos temores, ao mesmo tempo em que dá um sentindo mais amplo à existência, surge de forma enfática logo na abertura do livro com a imagem de Koudelka. Realizada em 1974, ela traz três homens visivelmente cansados e ajoelhados que seguram suas bengalas após peregrinarem até o monte sagrado de Croagh Patrick, na Irlanda, para venerar São Patrício, gesto que se repete desde o século um.
Representar metaforicamente a emanação do sobrenatural entre os homens em seus rituais religiosos sempre foi uma tentação que moveu os fotógrafos ao longo da história. Em "Religiões", fachos de luz com focos precisos parecem fazer uma ligação direta entre o céu e a terra, independentemente do credo em questão, como na imagem de Abbas, em que um fiel tem a cabeça iluminada ao rezar na mesquita de Al-Azhar, no Cairo, editada ao lado da fotografia, com o mesmo conceito, realizada por Seymour na basílica de São Pedro, no Vaticano.
Indo além do leque das três grandes religiões monoteístas, o livro encerra com cinco belas imagens coloridas de McCurry sobre o hinduísmo e o budismo, realizadas na Ásia.
Em uma delas o fotógrafo norte-americano, conhecido por suas reportagens para a "National Geographic", realiza uma tomada frontal do templo budista de Angkor Wat, no Camboja, uma monumental construção do século 12. Dois monges com suas vestes alaranjadas, fotografados ao longe, são os únicos pontos coloridos na imensidão cinzenta do templo. O homem e sua fé surgem como um pequeno ponto luminoso na paisagem árida da terra.


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