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RELÂMPAGOS
Altar lateral
JOÃO GILBERTO NOLL
Era ali que eu ia descansar.
Via o santo das chagas. O cachorro a lhe lamber a perna.
Pupilas reviradas para o alto.
Expressão, aliás, digna de
aluviões cósmicos, nada repousante. Percebi que um
cachorro me seguia. Chamei-lhe a atenção para o bicho ali de cima -um santo,
de tão familiarizado com a
imobilidade do retábulo. Me
apatetei um segundo, meio à
espera das núpcias do vira-lata resfolegante com os
céus. Seria bom se ele me seguisse por um tempo. Ainda
mais agora que eu ia tentar a
vida em outros pagos. O animal latiu. "Que quê há?",
perguntei. E tossi.
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