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Festival em Buenos Aires convoca Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Dedicado a identificar, exibir e
discutir o que há de mais instigante na produção cinematográfica
de hoje e de ontem, o Festival do
Cinema Independente de Buenos
Aires exibirá em sua sexta edição
(de 14 a 25 de abril) retrospectiva
da obra do brasileiro Glauber Rocha (1939-1981), que inclui um título proibido no Brasil.
Os argentinos verão o curta-metragem "Di", em que Glauber
filmou o enterro de Di Cavalcanti
(1897-1976) com uma atitude
considerada pela família do artista plástico desrespeitosa à sua memória. Na Justiça brasileira, os
herdeiros de Di Cavalcanti obtiveram a interdição das exibições públicas de "Di" no país. Além de
Glauber, outros 12 cineastas ganham retrospectiva no festival,
entre eles, o norte-americano
John Ford (1895-1973).
A participação brasileira se
completa com o documentário
"O Prisioneiro da Grade de Ferro", de Paulo Sacramento, em disputa, e a presença do diretor José
Padilha ("Ônibus 174") no júri de
uma das quatro competitivas.
O filme de Sacramento, que registra o cotidiano de detentos na
Casa de Detenção de São Paulo, o
Carandiru, desativado em 2002,
compete na seção Direitos Humanos, organizada em parceria com
a ONG Human Rights Watch. A
estréia do longa no Brasil está prevista para o próximo dia 16.
O Festival de Buenos Aires exibirá, no total, mais de 300 filmes.
A produção contemporânea
mundial está concentrada na seção Mundos, que agrupa três
grandes temas, "Sujeitos", "Práticas" e "Espaços", por sua vez organizados em 17 subtemas.
A produção contemporânea argentina tem uma seção exclusiva,
El Nuevo del Nuevo (O Novo do
Novo), que reúne 12 títulos inéditos nos cinemas, mesclando temas políticos -como "Una de
Dos" (Das Duas, Uma), de Alejo
Taube, ambientada na grave crise
econômica e política atravessada
pelo país em 2002- e invenção
cinematográfica -como "Sinon,
J'Étouffe" (Senão Eu Sufoco), de
Nicolás Azalbert, sobre um francês que tenta reinventar a nouvelle vague no rio da Prata.
Coordenado pelo crítico norte-americano Jonathan Rosenbaum
("The Chicago Reader"), El Club
de La Pelicula Perdida (O Clube
do Filme Perdido) convidou seis
cineastas a apresentar, cada um,
um filme subestimado pela história do cinema. O próprio Rosenbaum exibirá um média de 1964 e
um documentário de 1985, sobre
a descoberta tardia de um caso de
troca de bebês na maternidade.
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