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Quem ri por último
"CQC", da Band, e "15 Minutos", da MTV, renovam humor televisivo com jovens atores garimpados no teatro alternativo
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Existe alguma diferença entre um soco do ator Victor Fasano e uma "revistada" do cineasta Hector Babenco?
A resposta pode ser útil para
entender uma geração do humor televisivo que acaba de sair
do forno e tenta se diferenciar
do estilo criado pelo "Pânico".
Os comediantes, cujos vídeos
são sucesso na internet, foram
lançados na TV no mês passado
por dois novos programas:
"Custe o Que Custar" ("CQC"),
da Band, comandado por Marcelo Tas, e "15 Minutos"
(MTV), de Marcelo Adnet.
São nomes ligados à comédia
stand-up, em que humoristas,
de pé no palco, emendam uma
piada à outra (como Jerry Seinfeld), ou ao teatro de improviso,
no qual atores são desafiados a
fazer graça a partir de idéias do
público. Na TV, eles estão buscando um humor mais elaborado e indireto, a fim de não cair
no escracho cru do "Pânico".
Um deles é Oscar Filho, 29,
que faz sucesso no Clube da Comédia Stand-Up, grupo de destaque no gênero, e integra o
"CQC". Foi ele o agredido por
Babenco com uma revista na
cabeça. O cineasta foi questionado sobre uma entrevista em
que teria dito que "não tem nenhum ator brasileiro à altura
do [mexicano] Gael [García
Bernal], de 28 anos".
A agressão veio quando Oscar lhe perguntou o que ele sentiria se alguém dissesse não haver "nenhum cineasta argentino naturalizado brasileiro à altura de Fernando Meirelles".
Objetivo é jogar
"No "CQC", buscamos uma
piada mais indireta, ligada a fatos, e fazemos perguntas a celebridades e políticos que outros
repórteres não teriam coragem
de fazer. A intenção não é sacanear a pessoa por ser careca ou
argentina", afirma Oscar. "E o
objetivo não é irritar a celebridade, mas fazer com que entre
no jogo. Espero que Babenco
tenha sido o último [a reagir
com agressividade]", garante
ele, que diz não achar o "CQC"
"nada parecido" com o "Pânico", no qual o Repórter Vesgo
foi esmurrado por Fasano ao
dizer "faz anos que não te vejo".
Também do "CQC", Danilo
Gentili, 28, caiu nas graças do
público no papel de um repórter abestalhado. O personagem
faz parte do formato original do
programa, criado na Argentina.
Já foram vítimas padre Marcelo, Gretchen e Márcia Goldschmidt, cujas entrevistas entraram nos três programas exibidos até agora -que tiveram
dois, três e 3,2 pontos de audiência, respectivamente-,
além de mãe Dinah e Agnaldo
Timóteo, ainda inéditos.
Gentili costuma marcar a entrevista dizendo ser de uma TV
do interior e, na gravação, finge
ter todo tipo de dificuldade. É a
desculpa para, por exemplo,
"ingenuamente" pedir a Gretchen que autografe uma revista
com a foto dela na capa e todas
as páginas grudadas.
Segundo o humorista, foram
gravadas 12 entrevistas antes
de o "CQC" estrear, já que ele se
tornaria conhecido depois.
"Mas não vai mudar muito,
porque eu sou de verdade um
repórter inexperiente", diz
Gentili, formado em publicidade e ator de comédia stand-up.
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