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Novo James Bond busca vingança
Com Daniel Craig como o agente secreto, "Quantum of Solace" luta para bater a bilheteria milionária de seu antecessor
22º filme, que estréia no dia 7 de novembro no Brasil, mostra herói com falhas; é a primeira seqüência da história de 007 no cinema
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
ENVIADA ESPECIAL A ANTOFAGASTA
(CHILE)
007 encarna Charles Bronson. Na 22ª aventura da série
de cinema, chamada "Quantum
of Solace" (ainda sem nome em
português), apenas o desejo de
vingança motiva James Bond.
Com cenas gravadas no Chile, a que a Folha teve acesso, o
novo filme começa uma hora
depois de "Cassino Royale",
com 007 no encalço da organização que causou a morte de
Vesper Lynd, por quem o agente abandonaria sua vida de espião.
"Cassino" mostra James
Bond com o coração partido.
Não tem um final feliz. Agora,
ele quer buscar a sua essência.
Algo foi tirado dele, e ele quer
isso de volta", diz o britânico
Daniel Craig, novamente no
papel do agente secreto.
Desta vez, contudo, ele não
tem de enfrentar as críticas pela escolha, já que o longa foi o
mais bem-sucedido comercialmente da história de Bond. "Não olho
para o passado. Tenho outras
coisas com que me preocupar."
A confiança aumentou, mas
a arrogância passa longe do
ator: "Nunca vou me sentir seguro, mas sou um fã do personagem e quero fazer Bond até
quando eu funcione no papel.
Se eu ficar velho para viver o
007, paro na hora. A incapacidade física vai definir isso".
Para o produtor Michael G.
Wilson, que detém os direitos
da franquia, foi um risco colocar Craig como 007. "Você respira fundo e escolhe. Nunca sabemos se vai dar certo. Mas ele
é muito focado. Se este filme se
igualar aos lucros de "Cassino",
já vai ser fantástico."
Escolhas
Outra aposta de "Quantum of
Solace" está na direção. O austríaco Marc Forster, que já fez
"Em Busca da Terra do Nunca"
e "O Caçador de Pipas", nunca
dirigiu um filme de ação. Não
parece, à primeira vista, uma
escolha apropriada. Mas ela se
justifica pelo momento que vive Bond. Estará à mostra um lado mais humano do personagem: "Agora, o interessante é
mostrar os erros que ele vai cometer e como vai consertá-los.
É um herói com suas falhas. Ele
vai atrás de vingança, que não é
um sentimento bom. É uma outra face dele", adianta Craig.
Tem ainda o risco embutido
no estranho título do filme, tirado de um conto de Ian Fleming em que se discute uma relação de casal.
"É apropriado. A
organização criminosa se chama Quantum", entrega o produtor Wilson. "E tem a ver com
a medida de consolo [numa tradução literal ao título] que
Bond está procurando, porque
sua vida acabou depois que seu
grande amor morreu."
Segundo Forster, a locação
no meio do deserto do Atacama, no Chile, também transparece um sentimento de 007. "É
diferente matar após a morte
de alguém querido. Aqui, consigo transmitir o isolamento de
Bond no início do filme. E é
inesquecível: no deserto, podemos morrer a qualquer hora."
O deserto reforça a trama: o
chefe da organização criminosa, Dominic Greene (Mathieu
Amalric), quer o monopólio da
água na Bolívia para tentar dar
um golpe de Estado e botar um
general no poder. Greene reúne
então seus comparsas num hotel, criado dentro do observatório de Paranal, em Antofagasta.
É aí que Bond vai perseguir o
vilão e ter a chance de matá-lo
logo no começo da trama. "É
uma tentação", diz o diretor,
"matar o vilão ou deixá-lo ir para salvar alguém. Vai perceber
que matá-lo não é a resposta."
Amalric (de "O Escafandro e
a Borboleta") espera que seu vilão "esteja à altura de desafiar
James Bond". "Espero ser realmente nojento, repulsivo, uma
merda", diz. "Mas o bandido
não tem nada a ver com o da
Guerra Fria. Ele é mais "gasoso",
porque hoje não sabemos
quem são os bandidos."
Talvez por isso ele não atue
com nenhuma máscara no rosto. "Seria mais fácil se houvesse, mas não é assim no mundo
em que vivemos."
"Quantum of Solace" é a primeira seqüência da história de
Bond. "O ponto em que paramos em "Cassino Royale" nos
obrigou a fazer uma continuação. Os instintos dele falharam,
ele não pode simplesmente sair
da espionagem e ter um emprego comum. Está obcecado por
vingança e a ponto de perder
sua alma; é como se baixasse
uma nuvem negra sobre sua cabeça", explica Wilson.
A repórter LÚCIA VALENTIM RODRIGUES viajou a convite da distribuidora Sony
NA INTERNET
folha.com.br/080921
confira making of do filme
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