São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Novo James Bond busca vingança

Com Daniel Craig como o agente secreto, "Quantum of Solace" luta para bater a bilheteria milionária de seu antecessor

22º filme, que estréia no dia 7 de novembro no Brasil, mostra herói com falhas; é a primeira seqüência da história de 007 no cinema

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
ENVIADA ESPECIAL A ANTOFAGASTA (CHILE)

007 encarna Charles Bronson. Na 22ª aventura da série de cinema, chamada "Quantum of Solace" (ainda sem nome em português), apenas o desejo de vingança motiva James Bond.
Com cenas gravadas no Chile, a que a Folha teve acesso, o novo filme começa uma hora depois de "Cassino Royale", com 007 no encalço da organização que causou a morte de Vesper Lynd, por quem o agente abandonaria sua vida de espião. "Cassino" mostra James Bond com o coração partido.
Não tem um final feliz. Agora, ele quer buscar a sua essência. Algo foi tirado dele, e ele quer isso de volta", diz o britânico Daniel Craig, novamente no papel do agente secreto.
Desta vez, contudo, ele não tem de enfrentar as críticas pela escolha, já que o longa foi o mais bem-sucedido comercialmente da história de Bond. "Não olho para o passado. Tenho outras coisas com que me preocupar."
A confiança aumentou, mas a arrogância passa longe do ator: "Nunca vou me sentir seguro, mas sou um fã do personagem e quero fazer Bond até quando eu funcione no papel.
Se eu ficar velho para viver o 007, paro na hora. A incapacidade física vai definir isso". Para o produtor Michael G. Wilson, que detém os direitos da franquia, foi um risco colocar Craig como 007. "Você respira fundo e escolhe. Nunca sabemos se vai dar certo. Mas ele é muito focado. Se este filme se igualar aos lucros de "Cassino", já vai ser fantástico."

Escolhas
Outra aposta de "Quantum of Solace" está na direção. O austríaco Marc Forster, que já fez "Em Busca da Terra do Nunca" e "O Caçador de Pipas", nunca dirigiu um filme de ação. Não parece, à primeira vista, uma escolha apropriada. Mas ela se justifica pelo momento que vive Bond. Estará à mostra um lado mais humano do personagem: "Agora, o interessante é mostrar os erros que ele vai cometer e como vai consertá-los.
É um herói com suas falhas. Ele vai atrás de vingança, que não é um sentimento bom. É uma outra face dele", adianta Craig. Tem ainda o risco embutido no estranho título do filme, tirado de um conto de Ian Fleming em que se discute uma relação de casal.
"É apropriado. A organização criminosa se chama Quantum", entrega o produtor Wilson. "E tem a ver com a medida de consolo [numa tradução literal ao título] que Bond está procurando, porque sua vida acabou depois que seu grande amor morreu."
Segundo Forster, a locação no meio do deserto do Atacama, no Chile, também transparece um sentimento de 007. "É diferente matar após a morte de alguém querido. Aqui, consigo transmitir o isolamento de Bond no início do filme. E é inesquecível: no deserto, podemos morrer a qualquer hora."
O deserto reforça a trama: o chefe da organização criminosa, Dominic Greene (Mathieu Amalric), quer o monopólio da água na Bolívia para tentar dar um golpe de Estado e botar um general no poder. Greene reúne então seus comparsas num hotel, criado dentro do observatório de Paranal, em Antofagasta.
É aí que Bond vai perseguir o vilão e ter a chance de matá-lo logo no começo da trama. "É uma tentação", diz o diretor, "matar o vilão ou deixá-lo ir para salvar alguém. Vai perceber que matá-lo não é a resposta."
Amalric (de "O Escafandro e a Borboleta") espera que seu vilão "esteja à altura de desafiar James Bond". "Espero ser realmente nojento, repulsivo, uma merda", diz. "Mas o bandido não tem nada a ver com o da Guerra Fria. Ele é mais "gasoso", porque hoje não sabemos quem são os bandidos."
Talvez por isso ele não atue com nenhuma máscara no rosto. "Seria mais fácil se houvesse, mas não é assim no mundo em que vivemos."
"Quantum of Solace" é a primeira seqüência da história de Bond. "O ponto em que paramos em "Cassino Royale" nos obrigou a fazer uma continuação. Os instintos dele falharam, ele não pode simplesmente sair da espionagem e ter um emprego comum. Está obcecado por vingança e a ponto de perder sua alma; é como se baixasse uma nuvem negra sobre sua cabeça", explica Wilson.


A repórter LÚCIA VALENTIM RODRIGUES viajou a convite da distribuidora Sony

NA INTERNET folha.com.br/080921
confira making of do filme


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