São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sexo, moda e sintetizadores

Yeah Yeah Yeahs, um dos principais nomes do "novo rock", lança 3º disco, em que troca as guitarras por elementos eletrônicos

Josh Wildman/Divulgação
Brian Chase (esq.), Karen O e Nick Zinner, os integrantes do Yeah Yeah Yeahs

FERNANDA MENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Se a capa de um álbum fosse seu espelho, o Yeah Yeah Yeahs não poderia ter sido mais feliz na escolha da imagem que estampa "It's a Blitz!", terceiro CD do trio de Nova York, que tem lançamento mundial hoje.
A foto (uma mão feminina esmagando um ovo; veja nesta página) representa uma quebra de paradigma.
Isso porque, após dois discos de sucesso com a dobradinha guitarra-bateria, a banda se reinventa por meio de sintetizadores, que antes não faziam parte de seu repertório.
O YYYs se consagrou com uma combinação de guitarras rasgadas, bateria precisa e os gritos e as dancinhas da vocalista sex-symbol, Karen O. "A mudança não foi intencional", diz à Folha o guitarrista Nick Zinner. "A gente simplesmente não queria se repetir.
Para nós, a pior coisa que poderia acontecer é sermos rotulados sempre da mesma coisa. E é complicado encontrar um som minimamente novo quando tudo o que se tem é a mesma combinação de vocais, guitarra e bateria."
"Tocar sempre os mesmos instrumentos pode ser um tédio", diz Zinner. "Se você usa qualquer instrumento novo, se abre para o imprevisível, a novidade acontece."
Longe de soar clichê, o YYYs conseguiu introduzir batidas e ruídos eletrônicos sem destituir as guitarras sujas -a força motriz de suas canções- nem apelar de forma barata para o revival dos anos 80. Fãs mais puristas podem torcer o nariz, mas ninguém poderá acusar o trio de inércia.

Turma do novo rock
"Ainda estávamos desempacotando as malas quando compusemos a primeira música do disco, "Skeletons". Tudo aconteceu muito rápido. E vimos isso como um bom presságio", diz.
"Nossa ideia foi retomar uma despretensão que tínhamos quando montamos a banda.
Naquela época, queríamos apenas nos divertir e inspirar as pessoas a fazerem seus próprios trabalhos."
Em 2001, quando surgiram na cena musical norte-americana, o YYYs era uma combinação de um nome irresistível, um punk-garagem contagiante e um visual fashion atrativo. A banda virou ícone instantâneo do novo rock, assim como seus contemporâneos Strokes, White Stripes e The Hives. Em 2003, o trio lançou "Fever to Tell", um álbum de estreia com letras abusadas; em 2006, surpreendeu com "Show Your Bones", um CD de canções explosivas, porém mais sérias e sombrias, que antagonizavam com o hedonismo do disco anterior. Foram poucos os que não acharam o disco brilhante. Depois de tamanha aclamação, era grande a expectativa em torno do lançamento do terceiro álbum, cuja estreia, marcada para o dia 13, foi antecipada -especula-se que tenha sido em razão do vazamento de todas as faixas na internet.
"É um assunto delicado para a indústria da música e muito controverso para mim", admite Zinner. "Me sinto dividido porque eu também baixo música da internet, mas sobrevivo com o dinheiro dessa indústria que está sendo ameaçada. Sei lá..."
As gravações de "It's a Blitz!" teve sessões em quatro estúdios, de uma montanha nevada em Massachusetts a um deserto perto de El Paso, no Texas. "Foi incrível", afirma Zinner.
"Escolhemos "Blitz" [ataque fulminante] para o título do CD porque soa como "bliss" [felicidade extrema] e porque tem uma referência sutil aos Ramones [autores da música "Blitzkrieg Bop'] e, por associação, a Nova York", conta o guitarrista.
"E, você sabe, os Ramones são a única banda que nunca mudou seu som, e que nunca se tornou maçante por isso."


IT'S BLITZ!
Artista: Yeah Yeah Yeahs
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 27, em média



Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Crítica: Pop e nervoso, disco é o mais coeso do grupo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.