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"FOTOGRAFIA - OS ANOS DOURADOS DE TOM JOBIM"
Disco duplo de Tom cria a compilação canibal de luxo
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Difícil entender a lógica que
rege as gravadoras do país.
Mesmo depois de dezenas de lançamentos e relançamentos de coletâneas dedicadas a nosso mais
famoso compositor popular, chega às lojas o CD duplo "Fotografia
- Os Anos Dourados de Tom Jobim", que se propõe a compilar
seus "sucessos e raridades".
Caprichado, recheado de fotos e
textos, remasterizado e produzido em digipack (luxuosa caixinha
de papelão que substitui a de plástico), o disco aponta a possibilidade de fazer um trabalho de qualidade, mas peca pelo amadorismo.
Compilada pelo pesquisador
Marcelo Fróes, que também redigiu os textos do encarte, a obra
traz falhas gritantes, como alguns
erros primários de revisão e informação contidos no caderno: a
música "Só Danço Samba" aparece creditada como "Só Danço o
Samba", e "Fotografia" é descrita
como um dueto entre Tom e Elis
-é uma faixa solo da cantora.
Outro erro grosseiro está no
texto sobre a música "Insensatez", que vem com uma informação errada: diz que a canção "foi
novamente gravada por João Gilberto no ano seguinte -naquele
álbum feito com Herbie Mann
[flautista de jazz que dedicou alguns LPs à música brasileira] para
a Atlantic americana". Mas João
Gilberto nunca gravou com Herbie Mann. O álbum citado é uma
compilação de faixas de João Gilberto e de Mann -ambos com
Tom, mas nunca com os dois juntos- já gravadas anteriormente.
Apesar de se pretender mais
"sofisticada", a coletânea é pobre
na realização. Talvez seja uma nova tendência: as compilações canibais de luxo. Em vez de relançar
com um tratamento caprichado
os discos de Tom, a prioridade é
dada a compilações que esquartejam os álbuns originais.
No primeiro CD, dedicado aos
sucessos, aparecem três canções
do álbum "Elis & Tom" (relançado há pouco pela Trama), em
duas das quais Tom nem participa. De seu primeiro álbum solo,
instrumental -que foi lançado
com 12 músicas-, foram retiradas oito faixas, nada menos que
dois terços do original. Faixas
com Edu Lobo e Chico Buarque
completam o disco. O segundo
CD, de raridades, é melhor. A faixa de abertura é rara e ótima: versão original de "Águas de Março",
lançada pelo autor nos anos 70,
em compacto vendido em bancas,
à época. Seguem músicas tiradas
de discos de outros artistas (Nana
Caymmi, Paulo César Pinheiro)
com participação de Tom.
Fotografia - Os Anos Dourados de Tom Jobim
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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