São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2005

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CDS

POP

"Anniemal", disco de estréia da cantora, é festejado por críticos e DJs

Norueguesa Annie procura e encontra a batida perfeita

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A procura pelo pop perfeito, aqueles três minutos em que uma canção com melodia que insiste em não deixar a cabeça torna-se contagiosa como um vírus, pode dar-se por encerrada. Porque está tudo lá, em "Anniemal".
"Anniemal" é o disco de estréia de Annie, uma norueguesa de 25 anos, e é tão perigosamente pegajoso que vitimou várias das mais díspares publicações européias e está fazendo estrago nos EUA. Mas o Brasil pode ficar fora dessa.
É que "Anniemal" foi lançado na Europa -primeiro na Noruega; no mês passado, no resto do continente-, pela Warner, e será colocado nas lojas dos EUA em junho, mas a Warner brasileira diz não ter planos -ainda- de lançar o disco por aqui.
Enquanto isso, dá para ouvir parte do disco no site de Annie (www.anniemusic.co.uk), ou nos sets de DJs como Erol Alkan, Mylo, Tiga e The Glimmers. Porque "Anniemal", além de puro pop, é dance também.
Na Europa, Inglaterra em particular, em pouco mais de dois meses, Annie já arrancou elogios tanto de jornais sérios, como o "Independent" e o "Guardian", quanto dos tablóide "The Sun" e "Daily Mirror"; foi festejado tanto pela musical "Uncut" quanto pela masculina "Arena"; apareceu no novidadeiro "New Musical Express" e no guia "Time Out".
Nos EUA, a espera pelo disco rende. Um show promovido pela "Vice" -revista/gravadora que lançará "Anniemal" no país- para 300 pessoas, em Nova York, foi assistido por 450, e, segundo a polícia da cidade, 4.000 ficaram do lado de fora...
Outra publicação, a "Vanity Fair", levou Annie para o zoológico de Nova York para uma sessão de fotos; ela foi capa da revista "Paper" e deu entrevistas para a "Spin" e para a "Blender". Em junho, quando o disco sair nos EUA, Annie será a garota da hora.
"Tudo isso está sendo bem estranho. Trabalhei neste álbum por uns dois anos. Foi lançado primeiro na Noruega e as críticas foram muito boas, então estava ansiosa para saber como seria a reação das pessoas na Inglaterra. Quando começaram a sair as primeiras críticas, fiquei realmente surpresa", disse à Folha, por telefone, da norueguesa Bergen.
Comparada às ultrapops Madonna e Kylie Minogue e ao ultraindie St. Ettiene, Annie sempre viveu em Bergen (cidade de onde saíram também os esquisitos Royksopp e os inclassificáveis Kings of Convenience) e lá fazia parte de uma banda de rock, a Suitcase. Saiu quando os amigos começaram a trilhar o caminho do trip hop. Passou a comandar uma noite num clube da cidade. De tudo isso vêm os ingredientes que fazem de "Anniemal" um álbum que pega pelo coração tanto garotos indies como clubbers.
"Sempre penso se uma canção, uma batida, uma linha de baixo, ficará boa numa pista. A intenção não era fazer um álbum dance. Queria um CD que soasse bem ao ser ouvido em casa ou no carro. Discos feitos para serem ouvidos em apenas uma circunstância são chatos", afirma.
Tanto faz se ouvidas na pista, no carro ou em casa, músicas como "Chewing Gum" e "Heartbeat" sempre fazem todo o sentido. A primeira foi produzida pelo inglês Richard X e já até ganhou um remix do escocês Mylo. A segunda saiu das mãos do Royksopp, reclusa dupla que já havia recusado trabalho com gente como Britney Spears e Pet Shop Boys.
"Heartbeat", canção que fala dos momentos perfeitos de uma festa e da iminência de um primeiro encontro amoroso, foi considerada pelo Pitchfork (www.pitchforkmedia.com), site atuante quando o assunto são artistas de rock e pop, a melhor música de 2004. Sim, a melhor música de 2004, à frente de, entre outros, Franz Ferdinand, LCD Soundsystem e Belle & Sebastian.
"Não vejo "Anniemal" apenas como um álbum pop, pois peguei inspirações da disco dos anos 70, como Larry Levan, e de rock indie e experimental. Além disso, escrevi todas as canções, participei ativamente da produção do disco. Isso é uma diferença grande em relação a outras cantoras pop."
"Greatest Hit", que traz sampler de "Everybody", de Madonna, e "Me Plus One", são outras gemas. "Always Too Late" é tão dançante quanto Missy Elliott. "Anniemal" é tesouro que já está sendo amealhado pelo mundo. Falta o Brasil.


Anniemal
    
Artista: Annie
Lançamento: importado
Quanto: R$ 55, em média
Onde encontrar/encomendar: www.amazon.com;
www.velvetcds.com.br


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