São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coleção Folha dedica volume a Picasso

Fascículo dedicado ao artista espanhol que mudou a história da arte com o cubismo chega às bancas na próxima semana

"Les Demoiselles d'Avignon" estabelece as bases para o cubismo e o abstracionismo, dois dos movimentos mais importantes do século 20

DA REPORTAGEM LOCAL

A representação de touros e touradas une Goya e Picasso, tanto que, no início de sua carreira, o último era chamado de "pequeno Goya". Enquanto chega às bancas hoje o quinto volume da Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, tendo Goya por tema, na próxima semana será a vez de Pablo Picasso (1881-1973).
Considerado o pintor que mudou a história da arte com o cubismo, foi aos 26 anos que Picasso criou a obra que vai marcar essa transformação: "Les Demoiselles d'Avignon", de 1907, uma das 28 obras analisadas detidamente no volume.
A pintura retrata cinco prostitutas da rua Avignon, de Barcelona, perto de onde o artista viveu, embora quando Picasso realizou a obra, já residisse definitivamente em Paris. No primeiro esboço, além das mulheres, havia dois homens, para deixar claro o ambiente de bordel da rua, que acabou ficando apenas no título.
Tanto as mulheres quanto o fundo se decompõem em planos angulosos e geométricos, de onde se denota que, para o artista, toda representação que imita a natureza é uma reunião de elementos arbitrários e, por isso, sua combinação pode utilizar formas diferentes às observadas e se converter numa criação artisticamente pura e autônoma. Com isso, "Les Demoiselles d'Avignon" estabelece as bases para dois dos movimentos artísticos modernos mais importantes do século 20: o cubismo e o abstracionismo.
A importância da obra está em romper uma história que se seguia há quase cinco séculos: ao decompor a figura e o fundo em planos geométricos, Picasso acabou com o conceito de espaço pictórico imposto desde o Renascimento, mostrando que a arte podia ser dissociada da realidade e que a forma era tão importante quanto o conteúdo.
Entretanto, a obra não foi bem acolhida quando o artista a mostrou a seus amigos. Para Matisse, a obra era "confusa, abominável e amorfa". Apenas o galerista alemão Daniel-Henry Kahnweiler e a escritora americana Gertrude Stein perceberam as qualidades da obra, que só o artista só permitiria vir a público de fato em 1916.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: DVDs- Crítica/"Contos das Quatro Estações": Rohmer cria obras-primas ao inverter expectativas comuns
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.