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Coleção Folha dedica volume a Picasso
Fascículo dedicado ao artista espanhol que mudou a história da arte com o cubismo chega às bancas na próxima semana
"Les Demoiselles d'Avignon" estabelece as bases para o cubismo e o abstracionismo, dois dos movimentos mais importantes do século 20
DA REPORTAGEM LOCAL
A representação de touros e
touradas une Goya e Picasso,
tanto que, no início de sua carreira, o último era chamado de
"pequeno Goya". Enquanto
chega às bancas hoje o quinto
volume da Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, tendo
Goya por tema, na próxima semana será a vez de Pablo Picasso (1881-1973).
Considerado o pintor que
mudou a história da arte com o
cubismo, foi aos 26 anos que Picasso criou a obra que vai marcar essa transformação: "Les
Demoiselles d'Avignon", de
1907, uma das 28 obras analisadas detidamente no volume.
A pintura retrata cinco prostitutas da rua Avignon, de Barcelona, perto de onde o artista
viveu, embora quando Picasso
realizou a obra, já residisse definitivamente em Paris. No primeiro esboço, além das mulheres, havia dois homens, para
deixar claro o ambiente de bordel da rua, que acabou ficando
apenas no título.
Tanto as mulheres quanto o
fundo se decompõem em planos angulosos e geométricos,
de onde se denota que, para o
artista, toda representação que
imita a natureza é uma reunião
de elementos arbitrários e, por
isso, sua combinação pode utilizar formas diferentes às observadas e se converter numa
criação artisticamente pura e
autônoma. Com isso, "Les Demoiselles d'Avignon" estabelece as bases para dois dos movimentos artísticos modernos
mais importantes do século 20:
o cubismo e o abstracionismo.
A importância da obra está
em romper uma história que se
seguia há quase cinco séculos:
ao decompor a figura e o fundo
em planos geométricos, Picasso acabou com o conceito de espaço pictórico imposto desde o
Renascimento, mostrando que
a arte podia ser dissociada da
realidade e que a forma era tão
importante quanto o conteúdo.
Entretanto, a obra não foi
bem acolhida quando o artista a
mostrou a seus amigos. Para
Matisse, a obra era "confusa,
abominável e amorfa". Apenas
o galerista alemão Daniel-Henry Kahnweiler e a escritora
americana Gertrude Stein perceberam as qualidades da obra,
que só o artista só permitiria vir
a público de fato em 1916.
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