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Crítica/"Aviso aos Navegantes" e "Garota Enxuta"
Chanchadas mostram modernidade torta
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
É prazeroso e instrutivo
rever de tempos em
tempos as chanchadas,
ou comédias musicais brasileiras. Dois novos lançamentos
mostram que essa revisão pode
trazer surpresas.
"Aviso aos Navegantes"
(1950) é tida como um clássico
do gênero. Produzida na Atlântida, o estúdio das chanchadas
por excelência, dirigida pelo especialista Watson Macedo e estrelada por Oscarito e Grande
Otelo, essa comédia ambientada num transatlântico de luxo
em trânsito entre Buenos Aires
e o Rio envelheceu.
A trama é aloprada como
convém: Frederico (Oscarito),
cantor e dançarino atrapalhado, viaja como clandestino no
navio e, para não ser descoberto, vira ajudante de Azulão
(Grande Otelo) na cozinha. Os
dois descobrem que há um perigoso espião a bordo, disfarçado de mágico (José Lewgoy), e
ajudam o imediato (Anselmo
Duarte) a prendê-lo.
As confusões entremeiam
números musicais célebres, como "Tomara que Chova", na
voz de Emilinha, e "Toureiro de
Cascadura", por Oscarito. Passado mais de meio século, porém, é difícil digerir a dramaturgia obsoleta, as velhas gags, a
figuração canhestra. Vale sobretudo como peça de museu.
O interesse histórico é também o que sustenta "Garota
Enxuta" (1959), de J. B. Tanko.
Realizada no ocaso do gênero
por um diretor menor, essa
chanchada, no entanto, parece
ter melhorado com o tempo.
Um canal prepara um musical para homenagear Juscelino
Kubitschek e a indústria automobilística. Um contínuo da
emissora (Ankito), com o auxílio de um artista (Grande Otelo), ajuda a filha do industrial
que patrocina o programa a estrelar um número.
A chanchada, assim, saudava dois signos da nossa modernidade torta e tardia: a TV e o automóvel. Moreira da Silva e Orlando Silva se exibem, além de
um jovem Agnaldo Rayol. A diversão é garantida.
AVISO AOS NAVEGANTES
Lançamento: Europa
Quanto: R$ 29,90
Avaliação: bom
GAROTA ENXUTA
Lançamento: Europa
Quanto: R$ 29,90
Avaliação: bom
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