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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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Ele está no meio de nós

Divulgação
Morgan Freeman, que vive Deus, e Jim Carrey em 'Todo Poderoso'



Jim Carrey ocupa o lugar de Deus, em "Todo Poderoso", e desbanca "Matrix Reloaded"


PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Dois anos após protagonizar o mais retumbante fracasso de sua carreira, o drama "Cine Majestic", sobre um roteirista amnésico perseguido pelo macarthismo, o ator Jim Carrey volta a pisar em terreno que parece mesmo ser só dele em Hollywood: a comédia.
No papel de um repórter de TV que cobre casos pitorescos e é cooptado por Deus (Morgan Freeman) para ficar no lugar dele, Carrey é a estrela de "Todo Poderoso", que conseguiu o inusitado ao ser lançado nos EUA há duas semanas: bater a bilheteria de "Matrix". O filme, que estréia hoje nos cinemas do país, já arrecadou US$ 135 milhões nos EUA.
Mesmo no papel do Criador, Carrey não está sendo facilmente indulgente. Ao ser questionado pela Folha sobre o que faria caso tivesse o dom divino, o ator disparou: "Provavelmente mandaria todo mundo que não viu "Cine Majestic" no cinema para a fossa ardente do inferno. E, se sobrasse alguém, começaria uma nova sociedade utópica. E os críticos de cinema seriam feitos de espuma de plástico -assim poderia espremê-los, me divertir, e tudo sem machucá-los", diz.
Carrey, que colheu excelentes críticas por suas atuações em dramas como "O Show de Truman" e "O Mundo de Andy", faz um mea-culpa e explica o porquê de ter voltado "ao time que está ganhando" e novamente juntado forças com o diretor Tom Sha- dyac, que o havia dirigido nos besteiróis "Ace Ventura - Um Detetive Diferente" e "O Mentiroso".
"Acho importante não acreditar que tenho o dom para fazer de tudo", explica. "Tive sorte de variar, de não me limitar a um só papel."
Por ter dirigido Carrey em duas comédias, Shadyac já está acostumado com o lado exigente do comediante, que chega ao extremo de exigir 20 tomadas para a mesma cena. "Parte da genialidade de Jim é que todas as situações são minuciosamente e previamente esboçadas por ele", diz o diretor, que teve que cortar uma cena do ator caindo de um avião porque não fazia muito sentido no filme, mas que a incluirá na edição a sair em DVD.
Para a atriz Jennifer Aniston, que interpreta a namorada de Carrey em "Todo Poderoso", o "humor elástico" do comediante a assustou inicialmente. "Jim leva a comédia física a um nível totalmente diferente. Ele parece um pugilista em cena e é difícil acompanhá-lo sem ficar com um vergão ou um arranhão na pele", diz.
Depois de reclamar, em tom de brincadeira, que está chateado pois a entrevista não está se concentrando sobre as coisas de seu ego, Carrey lembra que testou sua fé quando era criança.
"Tinha uma professora substituta que explicou que, toda vez que queria alguma coisa, ela rezava para a Virgem Maria e para Deus. Então rezei para a Virgem Maria à noite para ganhar uma bicicleta, já que meus pais não tinham dinheiro para comprar uma", diz. "Um belo dia, volto para casa e encontro a dita no quarto, bem do jeito que eu queria. Um amigo inscreveu o nome dele e o meu numa rifa e acabou ganhando."
Carrey volta às telas no final do ano, dessa vez ao lado da atriz inglesa Kate Winslet na nova comédia esdrúxula do roteirista Charlie Kaufman (de "Adaptação"): "Eternal Sunshine of a Spotless Mind". "Já vi um pedaço do filme, e é sensacional", diz o ator.


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