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Marcação cerrada
Na Copa da TV em alta definição, transmissão vira um espetáculo com supertira-teima e 33 câmeras, uma delas capaz de filmar até mil quadros por segundo
LAURA MATTOS
THIAGO NEY
DE SÃO PAULO
Na Copa das imagens em
alta definição, cerca de três
bilhões de espectadores vão
se valer de supercâmeras e
programas de computadores
inéditos para ver e rever cada
lance em todos os ângulos e
velocidades imagináveis.
Os jogos do Mundial da
África do Sul, que começa na
sexta, serão captados por até
33 câmeras, uma delas em
um helicóptero. Na Copa passada foram 25. Os jogos nacionais têm entre 10 e 20.
A transmissão é única, gerada pela Fifa, e as emissora
detentora dos direitos (Globo
e Band na TV aberta) podem
ter suas câmeras na torcida.
Fora esse verdadeiro Big
Brother da bola, será lançado
um tira-teima de ponta, que
reconhece cada jogador e armazena toda a movimentação dos atletas e da bola.
Qualquer jogada pode ser
reconstituída em um gramado virtual. Como em um jogo
de videogame, o público revê
o lance em movimento e na
velocidade que o diretor escolher. Há ainda uma câmera
virtual que pode se movimentar e mostrar o mesmo
lance por outros ângulos.
Ele também fornece dados
às mais úteis (e inúteis) estatísticas: Kaká correu mais do
que Robinho? Qual foi a velocidade média dos atacantes?
Chama-se "optical tracking", como explica o diretor
de engenharia de jornalismo
e esportes da Globo, José Manuel Marino. "Um operador
identifica cada jogador assim
que sua imagem surge. O
programa reconhece os atletas pelo formato do corpo,
cor do cabelo, tom da pele.".
Para deleite dos comentaristas e do público e desespero dos árbitros, outra novidade é a câmera ultralenta ou
"extreme slow motion".
Replay em qualquer velocidade e pausa num momento preciso são nítidos. Ela filma até mil quadros por segundo, enquanto o olho humano capta no máximo 60.
"Em câmera lenta, vemos
coisas impossíveis a olho nu.
Ela pode mostrar a bola tocando a mão, mas é difícil saber se foi mão na bola [proibido] ou bola na mão. O espectador diz: "Como o juiz não
viu?!. Não dá para ver", diz
Arnaldo Cézar Coelho, juiz
da Fifa por 21 anos e comentarista da Globo desde 1989.
Polêmica à parte, os recursos "embelezam" a transmissão, que fica mais "plástica",
diz Marino. Provocam quem
entende de futebol e ajudam
a prender os que se ligam nisso de quatro em quatro anos.
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