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Vencedor de Berlim abre hoje 4º Festival Latino
Em "La Teta Asustada", peruana Claudia Llosa tematiza a "recuperação da autoestima" do país, no pós-guerra civil
Gratuita, mostra paulistana exibe 111 títulos de 17 países, incluindo longa de Josué Méndez, outro nome da nova safra de diretores peruanos
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Filme vencedor do Festival
de Berlim deste ano, o peruano
"La Teta Asustada" (a teta assustada), da cineasta Claudia
Llosa, abre hoje a quarta edição
do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, em
sessão para convidados.
"O reconhecimento não só
das nossas raízes, mas também
do que somos hoje é a questão
central [do longa] para mim.
Trata-se de como aceitar a nós
mesmos, de como recuperar a
autoestima", disse a diretora à
Folha, em Berlim, na véspera
de sua premiação, em fevereiro.
Llosa desenvolve o tema a
partir da história de Fausta
[Magaly Solier]. Criada unicamente pela mãe, que engravidou quando foi vítima de estupro, no período mais exacerbado da guerra civil peruana, a garota cresce aterrorizada pelo
fantasma da violência sexual.
Originárias das comunidades
indígenas andinas, mãe e filha
vão para Lima, onde se juntam
a outro ramo da família, instalado há mais tempo na metrópole. A migração de Fausta é a
forma que Llosa encontrou de
fazer "uma alusão aos povos
andinos que migram para Lima
e, de certa forma, a reinventam
e se reinventam na cidade".
A diretora e roteirista quis
retratar "uma modernidade
que existe, apesar da carestia" e
mostrar "como a inovação invade, apesar das dificuldades".
Com o Urso de Ouro conquistado em Berlim -na primeira vez em que um filme peruano competiu no festival alemão, ao longo de 59 edições-
Llosa assumiu a proa da geração de diretores peruanos que
impulsionam a incipiente indústria de cinema de seu país.
Ao lado dela está Josué Méndez, de quem o festival exibe
"Dioses" (deuses), de 2008. Assim como Llosa, Méndez nasceu em 1976 e está em seu segundo longa. A estreia dela foi
com "Madeinusa" (2006), a dele, com "Días de Santiago"
(2004), que também aborda os
resquícios dos anos de terrorismo e guerra civil enfrentados
pelo Peru nas décadas de 70 e
80 do século passado, mas pela
perspectiva de um ex-soldado.
"Paraelisa" (1999), primeiro
curta de Méndez, integra o festival, que começa amanhã para
o público e vai até domingo. Ao
todo, serão exibidos 111 títulos,
de 17 países, agrupados em diversas mostras. Todas as sessões têm entrada franca.
Promovido pelo Memorial da
América Latina e pela Secretaria de Estado da Cultura de São
Paulo, o festival se realiza com
orçamento aproximado de R$
700 mil. Além das projeções de
filmes, serão realizados seminários sobre aspectos da coprodução cinematográfica e debates com cineastas convidados.
Ao cineasta brasileiro Nelson
Pereira dos Santos o festival dedica uma homenagem e uma
retrospectiva, com seis de seus
longas, incluindo o clássico
"Rio 40 Graus" (1957).
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