São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vencedor de Berlim abre hoje 4º Festival Latino

Em "La Teta Asustada", peruana Claudia Llosa tematiza a "recuperação da autoestima" do país, no pós-guerra civil

Gratuita, mostra paulistana exibe 111 títulos de 17 países, incluindo longa de Josué Méndez, outro nome da nova safra de diretores peruanos

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme vencedor do Festival de Berlim deste ano, o peruano "La Teta Asustada" (a teta assustada), da cineasta Claudia Llosa, abre hoje a quarta edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, em sessão para convidados.
"O reconhecimento não só das nossas raízes, mas também do que somos hoje é a questão central [do longa] para mim. Trata-se de como aceitar a nós mesmos, de como recuperar a autoestima", disse a diretora à Folha, em Berlim, na véspera de sua premiação, em fevereiro.
Llosa desenvolve o tema a partir da história de Fausta [Magaly Solier]. Criada unicamente pela mãe, que engravidou quando foi vítima de estupro, no período mais exacerbado da guerra civil peruana, a garota cresce aterrorizada pelo fantasma da violência sexual.
Originárias das comunidades indígenas andinas, mãe e filha vão para Lima, onde se juntam a outro ramo da família, instalado há mais tempo na metrópole. A migração de Fausta é a forma que Llosa encontrou de fazer "uma alusão aos povos andinos que migram para Lima e, de certa forma, a reinventam e se reinventam na cidade".
A diretora e roteirista quis retratar "uma modernidade que existe, apesar da carestia" e mostrar "como a inovação invade, apesar das dificuldades".
Com o Urso de Ouro conquistado em Berlim -na primeira vez em que um filme peruano competiu no festival alemão, ao longo de 59 edições- Llosa assumiu a proa da geração de diretores peruanos que impulsionam a incipiente indústria de cinema de seu país.
Ao lado dela está Josué Méndez, de quem o festival exibe "Dioses" (deuses), de 2008. Assim como Llosa, Méndez nasceu em 1976 e está em seu segundo longa. A estreia dela foi com "Madeinusa" (2006), a dele, com "Días de Santiago" (2004), que também aborda os resquícios dos anos de terrorismo e guerra civil enfrentados pelo Peru nas décadas de 70 e 80 do século passado, mas pela perspectiva de um ex-soldado.
"Paraelisa" (1999), primeiro curta de Méndez, integra o festival, que começa amanhã para o público e vai até domingo. Ao todo, serão exibidos 111 títulos, de 17 países, agrupados em diversas mostras. Todas as sessões têm entrada franca.
Promovido pelo Memorial da América Latina e pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, o festival se realiza com orçamento aproximado de R$ 700 mil. Além das projeções de filmes, serão realizados seminários sobre aspectos da coprodução cinematográfica e debates com cineastas convidados.
Ao cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos o festival dedica uma homenagem e uma retrospectiva, com seis de seus longas, incluindo o clássico "Rio 40 Graus" (1957).

Texto Anterior: O que Flipou e o que Flopou em Paraty
Próximo Texto: Mostra foca origens da "geração 90"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.