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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Livro "Cream 3" busca no conceitualismo as referências para chegar aos nomes dos artistas de amanhã

Década de 70 desvenda o futuro das artes

Divulgação
'Middelburg Airport Lounge with Parede Niemeyer' (01), de Ana Maria Tavares, que está em 'Cream 3'


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os anos 70 estão de volta, não apenas na moda e nos costumes, mas também nas artes plásticas. Essa é a conclusão da editora Gilda Willians, organizadora de "Cream 3", da Phaidon Press, que é lançado hoje, em São Paulo.
O livro, terceiro de uma série ("Cream" e "Fresh Cream"), busca ter o formato de uma bienal de artes plásticas impressa. A cada edição, dez curadores são convidados para selecionar dez artistas. Nessa nova versão, pela primeira vez um brasileiro, no caso Adriano Pedrosa, está entre os curadores escolhidos, lista que conta ainda com a japonesa Yuko Hasegawa, o alemão Udo Kittelman e a norte-americana Nancy Spector.
Segundo Willians, a arte conceitual "pode servir como um tema que atravessa a arte apresentada no livro". Movimento que questionou os limites da arte nos anos 70, a arte conceitual ressurge renovada no início do século 21. "A arte conceitual é o legado mais rico da contemporaneidade. Não se trata mais da arte conceitual histórica, estritamente associada a discussões de linguagem e representação, mas da utilização de estratégias conceituais em todas as mídias", diz Pedrosa à Folha.
Em "Cream 3", uma novidade foi agregada em relação às edições anteriores. Os curadores escolheram também artistas dos anos 70 que influenciaram a nova geração apresentada no livro. A brasileira Lygia Clark é uma das dez escolhidas, ao lado do japonês On Kawara e do cubano Felix Gonzalez-Torres, entre outros.
Apesar da arte conceitual ganhar importância no livro, não houve um critério preestabelecido para os curadores: "Nossas curadorias estavam limitadas a "artistas emergentes" que não tivessem participado das edições anteriores do "Cream'", diz Pedrosa.
Além de Clark, "Cream 3" apresenta cinco brasileiros: Ana Maria Tavares, Beatriz Milhazes, Carla Zaccagnini, Franklyn Cassaro e Iran de Espírito Santo. Com exceção de Tavares, escolhida por Hasegawa, todos os demais foram selecionados por Pedrosa. Nas edições anteriores, o Brasil comparecia com três artistas em cada livro. Da América Latina, a participação mais significativa, com oito artistas, é do México, país que vive um boom na arte contemporânea, com nomes como Minerva Cuevas e José Dávila.
Cada um dos cem artistas de "Cream 3" tem quatro páginas, com um texto introdutório do curador que o escolheu e fotos de obras. No caso de Zaccagnini, uma das obras que consta do livro tem por base um texto publicado na Ilustrada em 24 de maio de 2000, exibida no Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2001.
"Cream 3" funciona na linha de publicações como "Art at the Turn of the Milleniun" e "Art Now", ambas da alemã Taschen, que buscam elencar quais são os artistas na moda e acabam sendo o próprio canal de divulgação de novas tendências.

CREAM 3. Organizadora: Gilda Willians. Editora: Phaidon Press. Quanto: R$ 235 (448 págs.). Lançamento: hoje, às 18h30. Onde: livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, loja 153, SP).


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