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POPLOAD
Um rap e um beat
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Tempo quente na música pop.
Principalmente lá para cima,
época dos festivais do verão europeu em que a ordem é dançar tudo com a cabeça ardendo sob o
sol bravo.
Uma banda de hip hop resolveu
contar a história do movimento
em uma só canção. E o título-lema é implacável: "As armas não
matam as pessoas. São os rappers
quem matam".
"Guns Don't Kill People, Rappers Do" é hit de rádio e de internet. E por zoar com nomes conhecidos do hip hop já seria um evento, não fosse tal rap sair da boca de
um coletivo de dez branquinhos
do improvável País de Gales. O
grupo, anota aí, se chama Goldie
Lookin" Chain.
Um single esperto, "Half Man,
Half Machine", lançado em abril,
chamou a atenção para a bizarra
formação. Mas quando "Guns
Don't Kill People, Rappers Do" e
uma outra zoeira rap, "Your Mother's Got a Penis", começaram a
circular, em julho, o Goldie Lookin" Chain virou mega.
O "circular" da frase acima é
por sua vez engraçado. O clipe já
está na MTV, a música é uma das
mais pedidas nas rádios britânicas, a trupe galesa andou abrindo
os shows para o Darkness e para o
Streets, passou pelo Glastonbury
Festival, está escalada para o palco
principal do gigante Reading Festival e tocou até em Ibiza.
Mas "Guns Don't Kill...", o single, ainda está por ser lançado. Sai
daqui a duas semanas. O álbum, o
primeiro do GLC, batizado de
"Greatest Hits" (notou?), chega às
lojas só em setembro.
"Guns" é um escracho. De batida preguiçosa e uma frase de guitarra repetida sem parar, a letra
dispara contra toda a cena do rap,
de Vanilla Ice a Eminem, da polícia aos políticos. Fala da troca de
nome do Prince, rima "violent"
com "silent" para dizer que Michael Jackson pediu para o "pequeno Timmy" ficar quietinho.
Versa sobre o fino trato do Eminem com as mulheres, dos documentários da BBC2. Lembra 2Pac,
P-Diddy e J-Lo.
O clipe, entre outras citações,
usa a linguagem Beastie Boys de
aproximação da câmera na hora
de soltar o rap. Prepare seus ouvidos para o Goldie Lookin" Chain.
Se a banda conseguir levar seu
som além do Atlântico e chegar
nas Américas, a bagunça vai estar
instaurada.
Um beat
Já pode ser ouvido o novo single
da entidade Fatboy Slim, o projeto do superstar-DJ Norman Cook.
"Slash Dot Dash", que vem à luz
em CD somente no dia 13 de setembro, já foi distribuído às rádios européias e fala a linguagem
da internet. As palavras de seu título são as únicas proferidas na
música inteira, repetidamente e
acrescida da internética "com". É
como se alguém cantasse algo como "Hífen, barra, ponto com" o
tempo todo.
A música é um samba eletrônico. Com as guitarras do White
Stripes por cima.
O próprio Norman Cook explica: "A música é um mix do velho e
do novo Fatboy Slim. As guitarras
desta vez não foram sampleadas,
e sim tocadas ao vivo. O plano era
criar um clima Buzzcocks e White
Stripes. E comentar essa nova linguagem que as pessoas andam falando, embora eu não tenha nem
um computador em casa. Na verdade eu tenho um Atari no meu
estúdio, mas ninguém nunca me
mandou um e-mail através dele".
"Slash Dot Dash" será o primeiro single a sair do novo álbum
"Palookaville", escalado para ir
para as lojas em outubro. Damon
Albarn, do Blur, e Bootsy Collins
farão participação especial.
lucio@uol.com.br
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