São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

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"Tem tecnologia, mas não é uma Disneylândia"

Diretora do MIS, Daniela Bousso, quer mais dinheiro para atingir metas de público do museu, mas não quer apelar

Apesar de baixa frequência, nova gestão conseguiu inventariar acervo e formou comitê para definir as novas aquisições da instituição

DA REPORTAGEM LOCAL

É difícil comparar o público de museus com grande apelo popular, como a Pinacoteca e o Masp, a números de uma instituição com um nicho específico, como o Museu da Imagem e do Som. Mesmo assim, a frequência do MIS deixa a desejar.
"O público ainda está abaixo do que nós esperávamos", afirma João Sayad, secretário estadual da Cultura. Ele descarta, no entanto, uma comparação com a Pinacoteca, que chama de "joia da coroa dos museus públicos de São Paulo".
"Nos anos 90, a Pinacoteca já estava começando a bombar", diz Daniela Bousso, diretora do MIS. "Nosso trabalho para bombar começa agora."
Bousso afirma que gostaria de ter no MIS um público de até 30 mil por mês, ou seja, dez vezes mais do que o número atual. Segundo ela, o fracasso de público até agora no museu tem a ver com o fato de a instituição ainda estar se reorganizando, depois de anos no ostracismo. Também diz que falta dinheiro.
Enquanto a Pinacoteca, por exemplo, consegue captar até R$ 4 milhões por ano via Lei Rouanet, Bousso reclama que poucos projetos do MIS são aprovados no Ministério da Cultura e por patrocinadores porque os comitês de avaliação não entendem o segmento de arte em novas mídias.
"Até o nosso país entender que não é assim que se trabalha, vai ser difícil", diz Bousso. "É um esforço hercúleo."
Bousso diz que precisa de mais dinheiro para levar adiante seu projeto e sugere um orçamento entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões, o que tornaria o MIS um dos museus públicos mais caros de São Paulo.
Mas não quer apelar para chamar mais público. "A gente trabalha com tecnologia, mas não é a Disney", diz Bousso. "É sóbrio, não tem esse apelo erótico com a tecnologia. Talvez eu tenha que usar um artifício Disney, mas acho que um esforço tem que ser feito, porque a Pinacoteca não foi Disneylândia."
Com menos pirotecnia, a gestão de Daniela Bousso tem conseguido, senão chamar público, pelo menos pôr o MIS nos trilhos. Como prometeu há um ano, conseguiu inventariar metade do acervo de cerca de 350 mil itens do museu e busca uma parceria com a Cinemateca, que deve receber obras que não cabem mais no MIS.
Também como previsto, formou um comitê de aquisição de novas obras, embora não haja orçamento para compras no momento. Por enquanto, está aprovada uma reforma de R$ 2 milhões para a reserva técnica, valor que inclui também a construção do restaurante do MIS, previsto para 2010.
(SILAS MARTÍ)


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