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"Tem tecnologia, mas não é uma Disneylândia"
Diretora do MIS, Daniela Bousso, quer mais dinheiro para atingir metas de público do museu, mas não quer apelar
Apesar de baixa frequência, nova gestão conseguiu inventariar acervo e formou comitê para definir as novas aquisições da instituição
DA REPORTAGEM LOCAL
É difícil comparar o público
de museus com grande apelo
popular, como a Pinacoteca e o
Masp, a números de uma instituição com um nicho específico, como o Museu da Imagem e
do Som. Mesmo assim, a frequência do MIS deixa a desejar.
"O público ainda está abaixo
do que nós esperávamos", afirma João Sayad, secretário estadual da Cultura. Ele descarta,
no entanto, uma comparação
com a Pinacoteca, que chama
de "joia da coroa dos museus
públicos de São Paulo".
"Nos anos 90, a Pinacoteca já
estava começando a bombar",
diz Daniela Bousso, diretora do
MIS. "Nosso trabalho para
bombar começa agora."
Bousso afirma que gostaria
de ter no MIS um público de até
30 mil por mês, ou seja, dez vezes mais do que o número atual.
Segundo ela, o fracasso de público até agora no museu tem a
ver com o fato de a instituição
ainda estar se reorganizando,
depois de anos no ostracismo.
Também diz que falta dinheiro.
Enquanto a Pinacoteca, por
exemplo, consegue captar até
R$ 4 milhões por ano via Lei
Rouanet, Bousso reclama que
poucos projetos do MIS são
aprovados no Ministério da
Cultura e por patrocinadores
porque os comitês de avaliação
não entendem o segmento de
arte em novas mídias.
"Até o nosso país entender
que não é assim que se trabalha,
vai ser difícil", diz Bousso. "É
um esforço hercúleo."
Bousso diz que precisa de
mais dinheiro para levar adiante seu projeto e sugere um orçamento entre R$ 15 milhões e R$
20 milhões, o que tornaria o
MIS um dos museus públicos
mais caros de São Paulo.
Mas não quer apelar para
chamar mais público. "A gente
trabalha com tecnologia, mas
não é a Disney", diz Bousso. "É
sóbrio, não tem esse apelo erótico com a tecnologia. Talvez eu
tenha que usar um artifício Disney, mas acho que um esforço
tem que ser feito, porque a Pinacoteca não foi Disneylândia."
Com menos pirotecnia, a
gestão de Daniela Bousso tem
conseguido, senão chamar público, pelo menos pôr o MIS
nos trilhos. Como prometeu há
um ano, conseguiu inventariar
metade do acervo de cerca de
350 mil itens do museu e busca
uma parceria com a Cinemateca, que deve receber obras que
não cabem mais no MIS.
Também como previsto, formou um comitê de aquisição de
novas obras, embora não haja
orçamento para compras no
momento. Por enquanto, está
aprovada uma reforma de R$ 2
milhões para a reserva técnica,
valor que inclui também a
construção do restaurante do
MIS, previsto para 2010.
(SILAS MARTÍ)
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