São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2010

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William Boyd debate na Flip e busca traços de Bishop no país

Filho de escoceses nascido em Gana, ele integra mesa "Chá Pós-Colonial", para a qual é "candidato perfeito" e escreve sobre autora americana

FABIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PARATY

O escritor William Boyd é filho de escoceses, nasceu em Gana, viveu na Nigéria, estudou em Glasgow, Nice e Oxford e hoje mora entre Londres e a França.
"Se você me perguntar de onde eu sou, não há resposta fácil. Minha identidade é muito complexa e confusa", disse em entrevista à Folha.
Primeiro, Boyd falou por telefone, da sua propriedade em Bergerac, sudoeste francês, onde produz vinhos. Ontem, já em Paraty, onde participa hoje da Flip, ele contou que aproveitará a estada no Brasil para fazer uma reportagem para o jornal inglês "The Guardian" sobre o período em que a poeta Elizabeth Bishop viveu aqui. Convidado da Flip em 2007, Boyd cancelou a vinda de última hora por problema de saúde da mulher.
Agora, aproveita para lançar dois livros pela Rocco: "Fascinação", de contos, e o romance "Tempestades Comuns". Neste último, volta à questão da identidade, recorrente em sua obra. Inspirado em Dickens, "Tempestades Comuns" conta a história de um americano em Londres que é obrigado a mudar radicalmente de vida após um crime.
Com ritmo cinematográfico (Boyd é também roteirista de cinema e TV) e sofisticação narrativa, o thriller reúne um painel de tipos da multicultural Londres no qual o rio Tâmisa é o fio condutor.
O autor teve a ideia para o romance ao ler, numa notícia de jornal, que a polícia recolhe todo ano de 50 a 60 cadáveres do rio Tâmisa. Boyd afirma nunca ter visto um corpo no Tâmisa, mas mostra bom humor ao responder sobre o que de mais estranho já viu no rio.
"Acho que foi o meu amigo Daniel Craig numa lancha laranja pelo Tâmisa, para dar uma entrevista coletiva, anunciando que ele seria o novo James Bond. E ele vestia terno e gravata."
O trânsito entre culturas e a vivência colonialista o tornam, diz, "o candidato perfeito" a integrar na Flip a mesa "Chá Pós-Colonial", às 15h, com Pauline Melville. "Toda a minha juventude foi colonial. E isso definitivamente moldou a minha forma de pensar e de escrever."
Questionado se é hoje mais escocês, inglês, francês ou africano, respondeu: "É engraçado, eu me sinto mais europeu. Costumo passar 30 a 40 dias por ano em Nova York, e, quando volto para Londres ou para a França, toda vez percebo o quão europeu e diferente dos americanos eu sou".


TEMPESTADES COMUNS

AUTOR William Boyd
TRADUÇÃO Paulo Reis e Sergio Moraes Rego
EDITORA Rocco
QUANTO R$ 59,50 (384 págs.)



FASCINAÇÃO

TRADUÇÃO André Pereira da Costa QUANTO R$ 39 (224 págs.)




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