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William Boyd debate na Flip e busca traços de Bishop no país
Filho de escoceses nascido em Gana, ele integra mesa "Chá Pós-Colonial", para a qual é "candidato perfeito" e escreve sobre autora americana
FABIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
O escritor William Boyd é
filho de escoceses, nasceu
em Gana, viveu na Nigéria,
estudou em Glasgow, Nice e
Oxford e hoje mora entre
Londres e a França.
"Se você me perguntar de
onde eu sou, não há resposta
fácil. Minha identidade é
muito complexa e confusa",
disse em entrevista à Folha.
Primeiro, Boyd falou por
telefone, da sua propriedade
em Bergerac, sudoeste francês, onde produz vinhos. Ontem, já em Paraty, onde participa hoje da Flip, ele contou
que aproveitará a estada no
Brasil para fazer uma reportagem para o jornal inglês
"The Guardian" sobre o período em que a poeta Elizabeth Bishop viveu aqui.
Convidado da Flip em
2007, Boyd cancelou a vinda
de última hora por problema
de saúde da mulher.
Agora, aproveita para lançar dois livros pela Rocco:
"Fascinação", de contos, e o
romance "Tempestades Comuns". Neste último, volta à
questão da identidade, recorrente em sua obra.
Inspirado em Dickens,
"Tempestades Comuns" conta a história de um americano em Londres que é obrigado a mudar radicalmente de
vida após um crime.
Com ritmo cinematográfico (Boyd é também roteirista
de cinema e TV) e sofisticação narrativa, o thriller reúne
um painel de tipos da multicultural Londres no qual o rio
Tâmisa é o fio condutor.
O autor teve a ideia para o
romance ao ler, numa notícia
de jornal, que a polícia recolhe todo ano de 50 a 60 cadáveres do rio Tâmisa.
Boyd afirma nunca ter visto um corpo no Tâmisa, mas
mostra bom humor ao responder sobre o que de mais
estranho já viu no rio.
"Acho que foi o meu amigo
Daniel Craig numa lancha laranja pelo Tâmisa, para dar
uma entrevista coletiva,
anunciando que ele seria o
novo James Bond. E ele vestia
terno e gravata."
O trânsito entre culturas e
a vivência colonialista o tornam, diz, "o candidato perfeito" a integrar na Flip a mesa "Chá Pós-Colonial", às
15h, com Pauline Melville.
"Toda a minha juventude
foi colonial. E isso definitivamente moldou a minha forma de pensar e de escrever."
Questionado se é hoje
mais escocês, inglês, francês
ou africano, respondeu: "É
engraçado, eu me sinto mais
europeu. Costumo passar 30
a 40 dias por ano em Nova
York, e, quando volto para
Londres ou para a França, toda vez percebo o quão europeu e diferente dos americanos eu sou".
TEMPESTADES COMUNS
AUTOR William Boyd
TRADUÇÃO Paulo Reis e Sergio
Moraes Rego
EDITORA Rocco
QUANTO R$ 59,50 (384 págs.)
FASCINAÇÃO
TRADUÇÃO André Pereira da Costa
QUANTO R$ 39 (224 págs.)
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