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SP vê e ouve o "Don Giovanni" 99
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
São Paulo assiste hoje a seu terceiro "Don Giovanni" da década.
Depois de Davi Machado (com
polêmica direção cênica de Bia
Lessa, em 92) e Isaac Karabtchevsky (95), é a vez do maestro
Jamil Maluf mostrar sua visão da
mais famosa ópera de Mozart.
À frente da Orquestra Experimental de Repertório, ele rege
cinco récitas da produção orçada
em US$ 350 mil no Teatro Alfa.
Além de dois elencos -formados quase exclusivamente por vozes brasileiras-, "Don Giovanni" traz como novidade a utilização de duas diferentes orquestras,
de 53 instrumentistas cada, que se
alternam no fosso do teatro.
"Como a temporada paulistana
de ópera é, otimisticamente falando, incipiente, resolvi dar chance
para que todos os integrantes da
OER tocassem numa obra importante como esta", explica Maluf.
Para garantir homogeneidade e
qualidade na interpretação, ele
mantém a cravista (Vânia Pajares) e cinco músicos que têm o
cargo de "spalla" (líder de naipe).
Com direção cênica do inglês
Aidan Lang, a montagem alugou
cenários e figurinos da Ópera
Zuid, de Maastricht (Holanda).
Ao longo de três horas de música, divididos em dois atos, Lang
promete transformar o "drama
jocoso" (classificação que consta
da partitura da ópera), com libreto de Lorenzo da Ponte, em um
embate entre o mundo da paixão,
simbolizado por Don Giovanni, e
as forças da razão, encarnadas
por Don Ottavio (conheça os personagens em quadro ao lado).
"Don Giovanni é a força da liberdade que desafia as convenções sociais e tem uma libido sexual masculina que se manifesta
de maneira extrema pela violência", explica o diretor. "Ele brada
"Viva la Libertá" dois anos antes
da Revolução Francesa (a ópera
estreou em Praga em 1787)."
"Já Don Ottavio -normalmente relegado a segundo plano nas
montagens- é, na verdade, um
personagem muito importante",
afirma Lang. "Ele encarna o controle e a racionalidade típicos do
século 18."
Tal combate se traduz na batalha entre as duas cores associadas
ao personagens. O mundo de
Don Giovanni (que vai desmoronando ao longo da ação) é de um
vermelho vivo, enquanto o de
Don Ottavio é azul acinzentado.
Além da cenografia, o principal
"importação" da montagem é o
personagem-título do elenco Alfa
(dias 6, 10 e 13), Zbigniew Macias,
barítono da Ópera de Varsóvia.
Seu criado, Leporello, fica por
conta do talento cômico do experiente barítono Sandro Christopher; a difícil parte de Donna Anna está a cargo da soprano Laura
de Souza, enquanto a mezzo-soprano revelação Luciana Bueno
(que cantou o papel-título na
montagem de "Carmen" do Municipal em 98) vive Donna Elvira.
Completa o primeiro elenco o
casal formado pelo tenor Fernando Portari (Don Ottavio) e pela
soprano Rosana Lamosa -que
teve em seu papel atual, Zerlina,
um de seus primeiros sucessos.
Já o Don Giovanni do elenco Beta (dias 8 e 15) não é polonês, mas
tem ligações com o país eslavo.
Com o registro vocal de barítono-Martin (voz leve, aguda e flexível,
próxima ao registro de tenor), o
paulista Paulo Szot estudou em
Cracóvia.
A seu lado, cantam o histriônico
baixo bufo paranaense Pepes do
Valle (Leporello), o tenor Luis Tenaglia (professor de canto com
muitos alunos na capital paulistana) e a soprano Elenis Guimarães
(como Donna Elvira, papel que
interpretou com brilho no ano
passado em Belo Horizonte).
Concerto: Ópera Don Giovanni, de
Mozart
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5963-4000)
Quando: dias 6, 10 e 13, às 20h30; 8 e 15,
às 17h
Quanto: de R$ 80 a R$ 120
Patrocinadores: Banco Sudameris e
Alfa Romeo
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