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CINEMA - "LAURA, A VOZ DE UMA ESTRELA"
Atores premiados
são trunfo de musical
MARIANE MORISAWA
Editora-assistente da Ilustrada
Quando Michael Caine subiu ao
palco em janeiro para receber o
Globo de Ouro por sua atuação
em "Laura, a Voz de uma Estrela"
("Little Voice"), a maioria não
conseguia esconder a surpresa.
Afinal, aquele era o ator que havia
se notabilizado por ser um dos
mais ativos do mercado, trabalhando, na maioria das vezes, em
produções de péssima qualidade.
"Caine faz filmes terríveis, mas
de vez em quando ele oferece uma
performance da qual você se lembrará a vida toda. Acredito que essa seja uma delas", afirma Mark
Herman, o diretor e roteirista de
"Laura, a Voz de uma Estrela",
que estréia hoje no Brasil.
O filme traz Caine como um
empresário fracassado do showbiz, Ray Say, que descobre, na casa da amante, Mari (Brenda
Blethyn), algo que ele acredita ser
uma mina de ouro: Little Voice
(Jane Horrocks). A moça, filha de
Mari, fala pouquíssimo, sufocada
pela tagarelice e pelo egoísmo da
mãe. Só se expressa pela voz de
cantoras famosas, como Judy
Garland e Marilyn Monroe, que
imita com perfeição.
Mas o trunfo do filme não se limita à atuação marcante de Michael Caine. Juntam-se a ela a de
Jane Horrocks, que canta todas as
músicas da produção, pulando de
uma personalidade a outra com
facilidade; a de Brenda Blethyn,
como a histérica e carente Mari; e
a de Ewan McGregor, no papel do
calado instalador de telefones que
se apaixona por Little Voice.
Por seu trabalho, Horrocks foi
indicada ao Globo de Ouro e
Brenda Blethyn concorreu ao
Globo e ao Oscar de coadjuvante.
"Laura, a Voz de uma Estrela" é
uma adaptação da peça "The Rise
and Fall of Little Voice", de Jim
Cartwright, escrita especialmente
para Jane Horrocks, que estreou
na Inglaterra em 1991.
"Eu vi a peça em sua semana de
estréia e a achei brilhante. O filme
levou tudo isso para ser produzido. Nesse meio tempo, fiz "Brassed Off" (seu filme anterior) e fui
convidado para dirigir "Laura, a
Voz de uma Estrela'", conta o diretor e roteirista Mark Herman.
"O que me atraiu na história foi
a mistura de humor, tragédia e
música, coisas com as quais eu
adoro trabalhar, porque acontecem na vida real."
Herman diz que o fato de a peça
se passar em poucos cenários foi o
maior desafio da adaptação.
"Queria proteger ao máximo a
concepção original de Jim Cartwright. Porque muitas vezes, ao
adaptar peças para o cinema, você
perde a intenção inicial. Acho que
o que me fascinou na peça foi o
show de Jane Horrocks, você estar
com ela naquele momento era
impressionante. Tentei transpor
para o cinema esse sentimento."
Para conseguir o que queria, o
show de Little Voice/Jane Horrocks foi rodado ao vivo, sem que
a voz da atriz fosse superposta depois. "Foi um pesadelo completo", conta o diretor. "Jane é perfeccionista, e eu também. Mas
acho que valeu a pena."
"Laura, a Voz de uma Estrela"
se insere no panorama do novo
cinema britânico, que tem oferecido nos últimos anos sucessos de
crítica e de público como "Ou Tudo ou Nada" e "Trainspotting".
"Acho que isso aconteceu porque todos estamos fazendo filmes
muito diferentes. Acredito que
uma das razões do sucesso é que
se trata de histórias humanas. As
pessoas podem acreditar nesses
personagens, ao contrário daqueles dos filmes de efeitos especiais."
Ele também destaca o fato de os
filmes britânicos recentes terem
baixos orçamentos. "De certa forma, quanto menos dinheiro você
tiver para fazer um filme, melhor
ele fica, porque você precisa ser
mais criativo", diz o diretor, que
se prepara para começar a rodar
em outubro seu quarto filme,
"Season Ticket".
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